sábado, 27 de novembro de 2010

Espelho meu

Assim não vejo nada

Ando a "testar" este espelho já há algum tempo. Interessei-me sobretudo pelo seu tamanho reduzido e boas possibilidades de fixação e regulação, pelo menos aparentes. O facto de não ter aquele ar de "trambolho" também ajudou bastante a convencer-me. Infelizmente, após muita experimentação, continuo sem conseguir dar-lhe o uso adequado. Ou seja, não vejo nada!


Assim também não

Colocado no guiador, só o consigo fixar demasiado ao centro, por causa do formato curvo e dos punhos ergonómicos nas extremidades, o que permite ter uma excelente imagem reflectida... de mim próprio! Não é exactamente o que se pretende.


Espelho recomendado pelo mítico Rivendell Reader
 
Se calhar é por isso que nas motos os espelhos estão colocados pelo menos à largura máxima do guiador... Conheço muitos tipos de espelhos para biclas, mas todos costumam ter um de dois grandes defeitos: ou não se arranjam em Portugal ou são inestéticos e pouco práticos para usar no dia-a-dia. Ou as duas coisas! Pensava que me safava com esta coisa pequena, comprada na Sport Zone, mas até agora os resultados têm sido muito fracos.

Conta-me o teu segredo...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ciclo-fascista fura a greve


 
Antes que comece a chegar o hate mail, esclareço que não estou contra a greve geral, cujo rescaldo ainda domina os noticiarios, nem muito menos sou fascista. Só para alertar algum internauta distraído que veio aqui parar à procura de "sexy girls on bikes" ou algo do género.

A verdade é que o dia da greve se afigurava, para mim, bastante tranquilo. Talvez demasiado tranquilo até, provavelmente fechado em casa o dia todo. Acabou por não ser assim. A manhã foi ocupada com uma deslocação a Cascais, (de carro, arg!) e pouco depois recebi uma mensagem indicando que, contra todas as previsões, teria uma aula na faculdade.

Imediatamente pensei que era a desculpa perfeita para, por fim, ir às aulas de bike, all the way. Com o comboio em serviços mínimos e o Metro completamente fora de serviço, só a bicicleta me podia salvar. (OK, estava o carro na garagem, mas isso tira todo o dramatismo da narrativa!)

Depois da chuva, um pouco de Sol em Carcavelos

Assim, após um cafezinho com uma amiga em Carcavelos, onde a qualidade de vida para alguns parece que vai em aumento, arranquei para o centro de Lisboa, onde a comunicação social reportava, com o rigor a que já me habituei, ora que o dia era de feriado e não se viam pessoas na rua, ora que o caos estava instalado e era impossível circular. A verdade teria de a descobrir por mim próprio.

Eu estava meio constipado e sentia-me, sei-lá, fraco, frágil. Decidi então que ia seguir tanto quanto possível por caminhos secundários e relativamente livres de trânsito rápido. Assim, em lugar de apanhar a auto-estrada marginal até Algés, fui pelo passeio marítimo, tranquilamente, indiferente à possibilidade de estar a cometer alguma ilegalidade escabrosa, que aquilo tem uns horários esquisitos para os ciclistas.

A partir de Paço de Arcos tornou-se então inevitável recorrer à pista de corridas Lisboa-Cascais, também conhecida como estrada marginal. Consegui chegar sem incidentes à Cruz Quebrada, um feito não tão desprezível como alguns possam pensar, a julgar pela quantidade de muros, pilaretes e postes derrubados que povoam as laterais desta estrada.

Fim do passeio marítimo de Oeiras

Depois de passar por debaixo da ponte ferroviária da Cruz quebrada, esperava-me um pequeno percurso mais apropriado a máquinas de BTT, um percurso que conheço bem, justamente dos meus tempos áureos do pneu cardado. Infelizmente, nem a minha indumentária cicle-chic nem a minha bicicleta de cidade se ajustam bem a estes terrenos. Tais factos pareciam claros para os ciclistas de licra e carbono com que me cruzei neste pequeno troço, a julgar pelos seus olhares enojados atirados de soslaio. Mesmo assim, apesar da desconfortável trepidação, acabou por ser divertido e num instante estava em Álges.

Sem incidentes cheguei à pseudo-ciclo-coisa de Belém e por lá segui a bom ritmo, mesmo que aos ziguezagues, fosse pela natureza do percurso, fosse para me desviar dos peões. Continuo a não perceber como é suposto um tipo atravessar a estrada a seguir às Docas e que diabos fazem paralelos, buracos, caixotes do lixo e carris de eléctrico numa ciclovia. Mas pronto, isso devo ser eu que sou esquisito. Os corredores e donos de canídeos não pareciam importar-se e essas foram as únicas outras pessoas que encontrei pelo caminho.

No Cais do Sodré, um olhar para o relógio fez um rombo na minha auto-confiança: tinha levado uma hora e meia para chegar a Lisboa! Tanto passeio marítimo e "ciclovia" dá nisto. A minha aula estava prestes a começar e eu ainda estava do outro lado da cidade. Boa Mike. E agora?

Não podia fazer nada a não ser continuar. Subi a baixa, a Av. da Liberdade, pela lateral, e depois travessei para o Parque Eduardo VII. O trânsito era intenso e algo confuso. Apesar de tudo, levei apenas 23 minutos a chegar à Av. de Berna, o mesmo tempo que costumo levar de metro. Ironia das ironias, a minha aula tinha sido cancelada... por falta de alunos!

Aproveitei para fazer uma pequena reunião de trabalho com um colega, mas pouco depois estava de novo na estrada. A av. de Berna estava absolutamente caótica. Subi numa lateral da Embaixada de Espanha e fui ter um pouco mais à frente à ciclovia que passa na Faculdade de Economia da Nova. Segui até ao Jardim Amália Rodrigues, de novo o Parque Eduardo VII, Marques do Pombal em grande estilo, Av. Liberdade onde um autocarro tentou passar-me a ferro, etc. Passei ao lado da Câmara de Lisboa e pedi autorização aos policias que ali se encontravam para seguir em frente na praça do município, e entrar na Rua dos Bacalhaus, coisa que eles aprovaram prontamente.

Outra vez a ciclovia, agora mesmo deserta. Em Algés ainda ponderei apanhar o comboio, mas lembrei-me de o quanto detesto esperar por transportes públicos quando não existem certezas de horários, por isso continuei. Fazer o percurso "todo o terreno" até à Cruz Quebrada, no escuro, revelou-se um desafio. A minha luz de dínamo não foi pensada para estas coisas. E a chocalheira foi tanta que pensei que ia perder peças. Mas fez-se, tal como o resto do caminho até casa. No total, pouco mais de 54 km. O que provavelmente explica o apetite que tinha quando cheguei.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

NuVinci N360



Depois do lançamento do Shimano Alfine de 11 velocidades ter dado que falar, eis mais uma novidade muito interessante para aqueles que, como eu, apreciam o conceito de cubo de mudanças. Como o Alfine, este sistema pode ser instalado em bicicletas de diferentes estilos, sendo que parece muito atractivo para modelos urbanos. As semelhanças ficam por aí, uma vez que este modelo dispõem de uma tecnologia mais similar a uma transmissão de variação contínua, que um sistema de mudanças interno. Podem ver uma review aqui e informação do fabricante aqui.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ciclo-Fascista à solta na faculdade?


No decurso de uma aula de Sociologia do Ambiente, fomos colocados perante o conceito de "economia verde": a produção de produtos e serviços que tivessem a preocupação, pelo menos teórica, de evitar ou reduzir danos ambientais. Essa coisa de colocar um rotulo "eco-friendly" num artigo tem muito que se lhe diga. E foi-nos pedido que comentássemos.

Normalmente nem digo nada nestas aulas, pois o ruído é sempre muito e perde-se imenso tempo com as pessoas a darem a sua opinião sobre algo que "ouviram dizer" ou "viram num documentário" não se sabe bem onde.

Desta vez porem, como ninguém dizia o óbvio, avancei o exemplo da industria automóvel, que anda há anos a tentar passar por amiga do ambiente. Mencionei que "verde" seria trocar de carro menos vezes ou não andar de carro de todo.

Embora os comentários dos meus colegas, muitas vezes confusos, mereçam normalmente uma resposta cuidada e bem construída por parte da professora, a minha intervenção mereceu desta vez apenas uns sorrisos e uma pergunta retórica:

- Você é aquele tipo da bicicleta, não é?

Recuando umas aulas, naquela que terá sido a minha única outra intervenção nesta cadeira e com esta professora, tinha falado no meu uso diário da bicicleta perante a questão: "que práticas costumam ter a favor do ambiente, no vosso dia-a-dia?"

Com uma frase, estava rotulado de "activista" e com a segunda intervenção acho que já sou visto como fanático. O que digo parece-me que será agora devidamente pesado pelo minha "ideologia". Parece assim tão estranho pensar que a industria automóvel é tudo menos amiga do ambiente? Será coisa que só um ciclo-fascist poderia pensar?

Não sei por que me surpreende. Embora a minha faculdade seja dos meios académicos mais liberais, pela própria força de ser uma faculdade de Ciências Sociais, a verdade é que também o seu corpo docente, formado por pessoas que me merecem o maior respeito intelectual, parece sofrer da mesma miopia do resto da nação. Também aqui as vacas são (muito) sagradas. Eis um par de exemplos:

Certo professor quis usar uma metáfora de duas ou mais maneiras de atingir um mesmo fim. E lembrou-se da ideia de ir dali, Lisboa, para Cascais: -"Vocês podem ir pela A5, podem ir pela Marginal, podem ir pelo IC19, levam mais ou menos tempo, mas chegam lá"-. Em nenhum momento considerou alguma outra maneira de se deslocar, até que um colega avançou o comboio, ideia que o professor aceitou, para de seguida ridicularizar com a frase "sim... se quiser ser assaltado... ou apanhar uma doença" Outro professor faltou a uma aula e justificou-se depois com o facto de haver muito transito nesse dia e ele não ter um helicóptero para o evitar.

Numa instituição onde tudo se pode questionar, onde tudo se pode discutir e debater, onde parece não haver tabus, o monstruoso paradigma português de mobilidade continua a ser cimentado, pelas mesmas pessoas que eu esperaria serem das mais capazes de assumir e liderar a mudança.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Polícias e Ladrões

 A B'twin em terrenos pouco urbanos

A bicicleta de cidade preta em primeiro plano, uma Decathlon B'twin Elops 1, foi roubada da estação da CP de Oeiras, na Sexta Feira. Era usada a diário pela proprietária, a Marta, desde há aproximadamente dois anos.

Para além do natural desagrado de se ver vítima de um furto, a Marta ficou a questionar a razão de ter sido o alvo escolhido pelos amigos do alheio. A sua B'twin estava correctamente presa e não seria nem a bicicleta mais vistosa nem a mais desprotegida das muitas que procuram segurança no estacionamento da estação.

A minha corrente, igual à que protegia a B'twin - 1,140 kg


Assim, este fim de semana a Marta iniciou uma pequena odisseia, a busca não só de uma substituta para a sua adorada B'twin, como dos meios para garantir que também ela de futuro não se "extraviasse". A procura levou-nos, a ela e a mim, a sítios tão dispares como a já mítica loja Ciclone, grandes superfícies e até supermercados!

Descobrimos um pouco o que já sabíamos: não há formulas infalíveis, não há cadeados milagrosos. É uma questão de probabilidades e até de sorte. Tudo o que se pode fazer é dificultar a vida ao gatuno, mas não existem garantias. Fomos mesmo aconselhados a optar por uma bicicleta dobrável, a única forma de não ter que deixar a bicicleta longe da vista e à mercê de estranhos. Essa opção não é muito viável para quem apanha vários transportes por dia, incluído autocarro, como é o caso. A ideia era uma bicicleta barata, para usar quase exclusivamente em distâncias curtas e que pudesse ficar na rua sem chamar a atenção.

Será à prova de larápio? - 1,210 kg


Acabamos por comprar uma nova corrente, de marca conceituada, para substituir a anterior. A antiga tinha um factor de segurança atribuído pelo fabricante de 7 em 10. Esta foi mais cara, tem um aspecto mais "duro", mas tem um factor 7 em 15! O melhor será não pensar muito no assunto.

A bicicleta ficou por adquirir. É como sempre difícil encontrar modelos utilitários no nosso mercado e a Marta anda à procura de um bicicleta nacional, de preferência. Uns modelos da Órbita serão inspeccionados na próxima semana.

Por fim, e como curiosidade, é de notar que a estação da CP de Oeiras alberga uma esquadra da PSP, onde foi apresentada queixa. A esquadra fica a poucos metros dos vários locais de estacionamento de bicicletas e foi avançado pelos agentes que os roubos eram raros, pois no total só tinham conhecimento de dois.

Essa opinião era absolutamente contraria à dos taxistas que estavam na paragem da zona e à das empregadas do quiosque local: os roubos de bicicletas são constantes e muitas vezes cometidos em grupo. Será que a PSP, além de fechar os olhos ao estacionamento selvagem que se pratica na zona, já fecha os olhos a outros delitos?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mais más noticias

Há mais sinais destes do que daqueles azuis...
 
O estado prepara-se para reduzir os investimentos em transportes públicos. Era sabido desde a aprovação do orçamento de 2011 que essa era uma inevitabilidade. Surgem agora os pormenores que procuram justificar os cortes.

Que as empresas de transportes públicos costumam andar no vermelho, não será novidade. Depois há a opinião, para alguns dominante, de que os portugueses não se interessam pelos transportes públicos. Como tal, em tempo de crise, não se justifica esse fardo do estado, para satisfazer, aparentemente, apenas uns quantos tótós que não conseguiram tirar a carta. Assim, o executivo parece ter o machado na mão e prepara-se para cortar a diestro y siniestro no sector dos transportes. Os públicos, claro.

Segunda esta noticia, serão "privilegiadas" as carreiras que têm uma oferta sobre-dimensionada. Não fazia ideia que existia sobre-oferta de transportes. Mas pelos vistos há. Por exemplo, o governo parece achar que existe demasiada oferta no Metro Sul do Tejo. E vai cortar. Conheço muitas reclamações em relação ao metro da outra banda, mas são coisas que têm a ver com o percurso e regularidade das composições. Se o estado e a autarquia estavam à espera de mais clientela para o metro, se calhar deveria ter apostado num percurso que realmente servisse as pessoas. Assim o que temos é que os utentes não estão satisfeitos, a empresa não está satisfeita e acumula prejuízos, as pessoas continuam a usar o carro e agora chegam os cortes.

Um pouco como a situação da CP, mais uma das contempladas com futuras machadas governamentais. Depois anos de desinvestimento, depois de anos a ser governada por babuínos, a empresa está na mira do estado para mais cortes, naturalmente por causa da crise. Na realidade e ainda segundo a noticia do Público, o governo pretende que as empresas de transportes, de capitais públicos, reduzam em 15% os seus custos operacionais no próximo ano.

Tudo isto me interessa, mas não está ligado directamente com o que nos ocupa aqui. Acontece que ao ler estas noticias, não pude deixar de pensar nas críticas que já ouvi, feitas à CML, pelas verbas gastas nas ciclovias que pouca gente usa. Ora pseudo-ciclovias feitas em cima dos passeios, não estando unidas em rede, não chegando aos pontos importantes da cidade, são pouco mais que ornamentais. Mas fornecem a desculpa, a mesma dos transportes públicos, para evitar mais despesas de futuro, porque afinal, a coisa já foi tentada e as pessoas não aderiram.

Este é o verdadeiro perigo dos passeios glamourosamente pintados de vermelho, onde quase só circulam peões. O de servirem de desculpa. Para nunca se chegar a fazer a obra a sério.

Esquecendo um pouco o lado negro da força, foi hoje também noticia a votação de um novo PDM para a cidade de Lisboa. Tudo indica que será viabilizado. Como sempre, as informações são escassas, fala-se em mais áreas pedonais e mais zonas verdes. Tenho esperança que assim seja e que este novo documento venha a conter a proliferação descontrolada do betão e do asfalto na cidade. Nem tudo pode ser mau.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Orçamento participativo da CML

Projectos vencedores de 2011, comunicados pela CML:

1º. Criação de um Campo de Rugby Municipal na cidade de Lisboa – 730 votos
Área: Desporto
Descrição: O projecto prevê a construção de um campo de rugby, com equipamentos de apoio, balneários, iluminação e vedação do mesmo.
Local: Alto do Lumiar - Parque Urbano Sul
Custo: 900.000,00 €
Prazo de execução: 18 meses

2º. Parque Urbano do Rio Seco 3ª Fase -714 votos
Área: Espaço Público e Espaço Verde
Descrição: Implementação da 3ª fase do Parque Urbano do Rio Seco.
Local: Rua Eduardo Bairrada
Custo: 1.000.000 €
Prazo de execução: 24 meses

3º. Requalificação da Envolvente da Igreja de Santa Clara – 600 votos
Área: Espaço Público e Espaço Verde
Descrição: Requalificação da envolvente da Igreja de Santa Clara.
Custo: 250.000 €
Prazo de execução: 18 meses

4º. Centro de Actividades Intergeracionais - Quinta da Bela Flor - 520 votos
Área: Acção Social
Descrição: Criar um centro de actividades intergeracionais no âmbito do programa envelhecimento activo e saudável no Bairro da Bela Flor.
Custo: 250.000 €
Prazo de execução: 24 meses

5º. Requalificação e Cobertura do Espaço Desportivo existente no Bairro do Cabrinha – 506 votos
Área: Desporto
Descrição: O projecto prevê a reabilitação do campo de jogos, considerando a substituição do piso, substituição das redes de todo o equipamento desportivo e colocação de cobertura fenólica ou membrana.
Local: Av. de Ceuta - Bº da Cabrinha
Custo: 300.000,00 €
Prazo de execução: 6 meses

6º. Casa destinada a Mães (Pós-parto) – 473 votos
Área: Acção Social
Descrição: Espaço destinado a mães e bebés que vivem os meses pós-parto em situação de isolamento. Pretende-se que este espaço funcione como um lugar informal de partilha de experiências e de acesso a informação diversa, nomeadamente a questões relacionadas com a amamentação, depressão pós-parto, etc.
Custo: 800.000 €
Prazo de execução: 24 meses

7º. Quinta do Bom Nome – 408 votos
Área: Espaço Público e Espaço Verde
Descrição: Projecto de qualificação da Quinta do Bom Nome integrando parque infantil.
Local: Quinta do Bom Nome
Custo: 1.000.000
Prazo de execução: 24 meses

A câmara adiantou ainda ter registado a maior adesão de sempre, 11.570 votos. Um desses votos é meu, mas não foi para nenhuma destas propostas. O orçamento participativo é uma boa ideia, uma ideia que pretende aproximar as pessoas das decisões tomadas pela CML. É didáctico, mas não é por aqui que se resolvem os grandes problemas de Lisboa. Aliás, é penoso (e deveria sê-lo para os responsáveis camarários) encontrar propostas de coisas tão simples e óbvias como reparar passeios ou limpar jardins
. Problemas que pelos vistos as pessoas só tem esperanças de ver resolvidos via orçamento participativo.

Em Lisboa, o rei não vai nu. Vai de SUV.

Não deixo de ficar triste com este desenlace. São necessários muito poucos votos, em valores absolutos, para conseguir eleger um projecto. Não houve 408 pessoas, para além de mim, que votassem em algo relacionado com a mobilidade em bicicleta na capital. Se tivessem votado, essas 408 pessoas seriam suficientes para o levar adiante. Enfim, quem alimentava ideias de "forçar" o executivo camarário a criar condições para o uso da bicicleta na capital através de projectos aprovados no orçamento participativo, pode começar a procurar alternativas.


Mobilidade? Sim, claro, estamos a fazer mais estradas

Infelizmente eu não imagino quais possam ser. Como com qualquer órgão de poder neste país, é difícil entrar em contacto com a CML e mais difícil ainda perceber o que andam os senhores a fazer, em nosso nome e com o nosso dinheiro. A não ser que sejam eles a dizer-nos.  Mas de acordo com este documento, não será de esperar grandes mudanças no paradigma da mobilidade na capital: não há grandes investimentos nessa área previstos para os próximos 3 anos, e se a crise económica se mantiver, provavelmente não se realizarão nem os previstos.  

Não se vêem bicicletas: a ciclovia não vai a lado nenhum!

Ou seja, esperam-nos pelo menos mais 3 anos de ditadura do automóvel, com uns poucos metros de "ciclovias" no passeio aqui e ali, desconexas e inúteis. E um projecto de Bicicletas Partilhadas que está em stand by, o que até se percebe: vão alugar bicicletas às pessoas para elas irem andar para onde? Quem tem capacidade e coragem, já anda no dia-a-dia nas avenidas, com os enlatados enraivecidos como companhia. O resto vai continuar à espera. E a passear à beira mar ao Domingo, com o cão e a criançada.