segunda-feira, 26 de abril de 2021

Projecto Bacalhau: Dia 4 - Boa Vida

Final do dia em São Pedro de Moel


Uma última volta pela baía e despeço-me de São Martinho do Porto. Daqui para a frente o plano é seguir sempre para Norte. Já explorei estas paragens de bicicleta antes, mas depois de São Pedro de Moel tudo será novo para mim. Penso prosseguir pela costa, ou tão perto dela quanto possível, até à fronteira com a Galiza, ou não muito longe disso. A fronteira estará fechada, tanto quanto sei, e nessa altura rumarei a Oriente, ao Parque do Gerês, onde sempre me apeteceu ir explorar, mas nunca tive oportunidade.


Bonito. Mas não estou interessado


Mas tudo isto parecem planos para um futuro ainda longínquo, quase intangível. Esta manhã, o caminho até à Nazaré é a única coisa em que a minha mente se ocupa no momento. Isso e o pequeno almoço, já que arranquei sem o tomar.  O GPS voltou a falhar-me e andei um bocado desorientado durante a manhã. Encontrei a Nazaré algo vazia e tomei o pequeno almoço numa esplanada. Deixo-me ficar sentado mais tempo que o que devia, quebrando ritmo. Acho que estou cansado... Mas ainda agora arranquei!

Ciclovia de sonho!

O resto do caminho é magnífico. Plano e quase sempre por ciclovia. Valia a pena alguns responsáveis camarários virem aqui estudar como se faz uma ciclovia segura. Reparem na existência de rebordo de cimento que limita a ciclovia, antes de um espaço de terra, um canteiro com flores, que isola a ciclovia da estrada. Isto cria uma margem de segurança e desencoraja o estacionamento abusivo.  


Aerogeradores junto à costa


Neste ambiente protegido, posso descontrair e apreciar a paisagem. Mesmo na estrada há pouco trânsito e cruzo-me com dois ou três ciclistas na ciclovia, em todo o caminho. Nunca estamos muito longe da praia e sempre rodeados de arvoredo. O tempo está mais fresco, as minhas queimaduras agradecem. Avanço a ritmo lento, as pernas parecem pesadas hoje!


Se procurarem bem, está ali o Dentuça

A chegada a São Pedro de Moel não tarda, mesmo a tempo para almoçar. Dou uma volta para tirar fotografias e depois parto à procura de um restaurante de boa memória. Almoço refastelado na esplanada do restaurante, não recordo o que foi, mas havia boa batata frita caseira em abundância e isso é sempre de louvar. Deixo-me ficar longo tempo ali, acho que houve sobremesa e tudo. Tenho que admitir que estou sem energia. Só fiz 35km, mas depois de muitas semanas de confinamento, o corpo não estará habituado a tanta actividade. 


O parque de campismo aqui ao lado

Sendo que na terra existe um parque de campismo, resolvo ficar por aqui e reestabelecer forças. E dar tempo à minha pele para recuperar das queimaduras. Ainda me dói, e todos os dias me besunto com creme hidratante gordo. De notar que as minhas rotinas diárias são elas próprias algo exigentes, pelo menos para quem estava habituado a ficar fechado em casa a encher o bandulho. Todos os dias, depois de encontrado o sítio para dormir, tenho que tratar de várias coisas, sem falha:

  • Montar a Tenda. 
  • Arrumar sacos e material dentro da tenda.
  • Higiene pessoal. Cuidar da pele queimada.
  • Lavagem da roupa. Só tenho uns calções de ciclismo, que uso todos os dias. 
  • Secagem da roupa. Pelo menos os calções têm forçosamente que estar secos de manhã.
  • Localizar supermercado. Comprar comida para o Jantar e dia seguinte.


A vista do almoço era parecida


Tenda montada no parque de campismo quase deserto, em frente ao farol, regresso a chinelar pela ciclovia até ao supermercado da terra. Jantar comprado, reponho também o stock de álcool para o fogareiro, pagando cerca de 3€ por uma garrafinha pequena... coisas da pandemia. Janto sozinho na tenda, e com uma cerveja, como habitualmente, faço um brinde aos quilómetros que estão para vir. 


Home sweet home


Dia 4. São Martinho do Porto-São Pedro de Moel. 35km (Ciclovia)

Sem comentários:

Enviar um comentário