O meu programa de festas deste domingo envolvia uma deslocação à Fábrica da Pólvora, para um solarengo picnic familiar. Não querendo entregar mais uns euros à Scotturb, resolvi ir de bicicleta. Imaginei que num domingo de Agosto não houvesse muito trânsito e não me enganei. Fiz um esforço por arranjar um caminho que não metesse vias muito movimentadas e acabei por conseguir um percurso mais ou menos pacifico. Foi algo como Carcavelos-Sassoeiros-Porto Salvo-Leceia-Tercena.
![]() |
Ciclovia de Oeiras. |
Comecei por cruzar a famosa "ciclovia" de Oeiras, no meu caminho para Sassoeiros. É estranho andar pelo lado esquerdo da estrada, mas é assim que a ciclovia foi feita. Também é preciso ter alguma atenção à saída, parte do trajecto é um circuito oval, quem não o conheça bem pode andar ali às voltas àquilo e não chegar a lado nenhum. Isso nem é o pior, depois a ciclovia começa a subir pelos passeios e a ser interrompida cada vez com mais frequência, sempre sem prioridade para o ciclista. Regressei à estrada.
![]() |
Parece fixe. Mas não é. |
Daqui para a frente segui o caminho que teria usado se me deslocasse movido a motor. Graças ao pouco trânsito, não tive problemas nos acessos ao Lagoas Park, que atravessei, nem nas rotundas de Porto Salvo. Utilizei a berma onde ela existia e os poucos automóveis que me passaram fizeram-no com civilidade e a velocidades razoáveis. Imagino que noutra altura do ano as coisas não serão bem assim. A subida para Leceia não custou tanto como imaginava, mas a descida do outro lado do morro provou ser interessante. A bicicleta ganhou facilmente velocidade, dei por mim com os travões cravados, atrás de uma fila de carros que seguiam ao ritmo de um tractor que ia na dianteira. Sentia a bicicleta instável, os pneus com pouca aderência e as rodas com vontade de bloquear sob o esforço intenso da travagem. Achei mais seguro ultrapassar toda a gente e seguir ao meu próprio ritmo. Foi o que fiz. Bicicleta 1, filas de trânsito 0.
Dali até à Fábrica da Pólvora foi um pulo, mas um pulo ligeiramente ilegal. A estrada está reservada a transportes públicos no sentido em que eu seguia. Nestas coisas costumo ser muito cumpridor, penso que se não for assim continuaremos a ser considerados por alguns como "usurpadores da via". Sou daqueles que para nos semáforos, paro nas passadeiras e evito em geral meter-me em confusões. Mesmo assim, a rede viária está de tal forma feita única e exclusivamente a pensar em automóveis ligeiros, que por vezes sinto-me compelido a desafiar as normas. Este foi um caso desses. Poupei uma volta de 3 km, vários cruzamentos potencialmente perigosos e uma subida monumental.
![]() |
Animais também não são bem vindos |
Na Fábrica, novo desafio. Está proibida a entrada de velocípedes. Acho sempre graça a estas proibições, as bicicletas parecem ser uma praga a combater, na cabeça de algumas pessoas. Que não se possa pedalar dentro do complexo (que é enorme), até aceito, mas que eu tenha que deixar a bicicleta cá fora, onde não há nenhum sítio onde a prender... Enfim. Fui falar com os seguranças e fui informado que não existia nenhum estacionamento para bicicletas. Para quê? Toda a gente sabe que ninguém vem para aqui a não ser de carro. Perante a indiferença, levei a bicicleta para dentro, à mão, e amarrei-a a um banco. Segunda ilegalidade?
![]() |
Sôr Isaltino, estacionamento para bicicletas, SFF |
No regresso penei para levar os 20 kg de bicicleta carregada pelo morro de Leceia acima. Foi épico, justamente porque não desmontei, mesmo quando pensei que havia alguma coisa de errado com as mudanças ou que a minha sobrinha se teria enfiado no alforge. O regresso foi feito pelo mesmo caminho e sem sobressaltos. No total do dia somei 23 km, feitos em grande parte em estrada aberta, debaixo de muito calor. Mesmo assim, ainda cheguei apresentável. Quase.