quinta-feira, 29 de abril de 2021

Projecto Bacalhau: Dia 7 - A Máfia de Gaia

Mais ciclovias de sonho!

A manhã começou cedo, mas não fui muito longe. Tinha que apanhar o ferry para São Jacinto, a Norte, para continuar a circular junto à costa. Dei com o sítio sem problemas, mas os intervalos do horário eram bastante espaçados, e tive de esperar quase duas horas pelo barco. Cheguei mesmo a duvidar se os ferries estavam em actividade, pois não se via ninguém, mas um telefonema rápido confirmou que tinha apenas que esperar. 


Tudo tranquilo no porto


Demasiado tranquilo...


Lá vem ele!


À espera dos últimos clientes


A zona de São Jacinto é lindíssima


Uma vez do outro lado, não podia deixar de reparar na beleza das paisagens e congratular-me com a minha escolha do percurso. Não conhecia a zona, mas dava vontade de explorar. A estrada (N327) era tranquila e fui apreciando as vistas magníficas enquanto me encaminhava para Norte pela estreita língua de terra entre a lagoa e o mar. O clima é que era decididamente mais fresco e já se notava agora que estava no "Norte".


Paragem para fotos. E almoço!

Parei no Furadouro, mais uma bonita terra com ciclovia, uma terra que eu não conhecia, e que parecia ter algum turismo em actividade. Após umas fotos junto ao mar, aproveitei para mais um almoço de luxo numa esplanada, mas desta vez estava decidido que não ia parar tão cedo, pretendia chegar pelo menos a Gaia. E sem dar tempo a acomodar-me, regressei à estrada. 


Querem melhor que isto?

Por vezes havia troços de ciclovia de grande qualidade, e eu aproveitava sempre para rolar por lá. Este caminho era um gosto e aproveitei o máximo que pude. As coisas começaram a mudar à medida que me ia aproximando de Gaia. Mais pessoas, mais trânsito, mais confusão. Em principio a zona do Porto seria a última grande cidade que visitaria em muito tempo, e tinha decidido passar por lá.   

Quanto mais me aproximava da urbe, pior era o trânsito, e a determinada altura passei para uma ciclovia ribeirinha. O meu GPS meteu-me em caminhos malucos, em passagens tão estreitas que tinha que parar para deixar passar peões. Mas o pior eram as ciclovias nos arredores de Gaia, cheias de gente, com cães, crianças pequenas em patins, e vendedores ambulantes com a sua mercadoria a ocupar toda a faixa.  

Toda esta gente e a súbita agitação e actividade estavam já a provocar-me não poucas comichões, pelo que quando vi um parque de campismo à beira da ciclovia disse para o Dentuça: é já aqui! As reviews do sítio eram bastante más, mas eu queria sair da confusão e pagar pouco pela dormida, e aquele parque parecia ser a solução. Quão mau poderia ser? Am I right?

Pois bastante, seria a resposta. O empregado na recepção estava muito surpreendido e atrapalhado com o facto de eu querer ali passar a noite e não parecia querer avançar com o registo. A ideia de que eu, com uma tenda, queria dormir num parque de campismo, aquele, parecia-lhe realmente estranha. Acabou por dizer que tinha que chamar o "patrão". Levou algum tempo, mas o patrão lá apareceu, um destes empreendedores modernos do Norte, cheio de e atitude, e que trata os empregados como se fosse um industrial do Séc. XIX.

 

A fazer amigos por todo o país


O patrão fez-me muitas preguntas, como se a autorização para a minha estadia dependesse das respostas, e por fim acabou por autorizar. Depois mostrou-me em pessoa exactamente onde é que eu podia montar a tenda, sendo que o parque estava practicamente vazio, mas ele é que decidia onde é que eu ia dormir. De notar que o valor da dormida era o dobro do habitual e o mais caro que paguei por um parque de campismo em toda a viagem (este parque foi também o pior, empatado com o de S. Martinho).  Enfim, pelo menos eu estava fora da confusão e tinha a companhia de um cachorrinho simpático para montar a tenda.

Estava tão cansado que depois da rotina de higiene e lavagens do costume não fui a lado nenhum e cozinhei o que me sobrava de comida mesmo ao lado da tenda, antes de adormecer ao som dos piões e atravesadelas dos aceleras da zona.  Toda uma experiência. 

Dia 7. Gafanha da Nazaré-Gaia. 64km (Estrada/Ciclovia)

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