segunda-feira, 10 de maio de 2021

Projecto Bacalhau: Dia 18 - No Caldeirão da Sertã

Um tapete rolante. Mas prefiro o Norte.


E depois de 1187Km, um furo. Ou será que não? Na roda traseira a pressão vai-se perdendo misteriosamente. O líquido mágico do Tubeless não está a fazer a sua função e tenho que parar com frequência nas bermas da estrada escaldante na zona da Sertã. Está muito calor hoje, será que isso interfere com as propriedades do líquido?  Tenho câmaras de ar, mas usar uma significa abdicar do Tubeless nessa roda para o resto da viagem, e não sei se estou pronto para isso.

Sobra dar à bomba. Ao Sol. Já desci bastante para Sul pela N2 e as temperaturas são muito elevadas a partir do meio da manhã. A N2 também é agora mais rolante, por vezes com mais faixas. A estrada é agora mais despida, mais desabrigada. E os carros circulam bem mais depressa. Felizmente não há muito trânsito.


Despedida de Pedrogão


O meu quarto dia da N2 foi muito repetitivo: dar à bomba, para manter a roda traseira minimamente cheia de ar. E comprar água cada hora ou hora e meia, que o calor de outra forma não se aguenta. Fui rolando e rolando para Sul, a determinada altura estava no caminho errado e tive de voltar para trás, mais uma vez por causa do meu GPS do demo, que ainda por cima só avisa que eu estou "fora do track", mas não oferece explicações nem alternativas.



O verde vai desaparecendo aos poucos 


Esta zona do país ainda apresenta as cicatrizes do fatídico ano de 2017 e não é complicado, olhando para algumas paisagens, imaginar os horrores daquele verão terrível. De resto, é impressionante ver a paisagem a mudar, o território vaio ficando progressivamente mais despovoado, mais plano, mais seco e menos arborizado à medida que vamos avançando para Sul. 



Heranças de 2017



Marcos novos!



Mais marcos novos!



Sombra agradece-se.


Não parei para almoço. Simplesmente continuei a rolar, alimentado a coca-colas e frutos secos. Não sei porquê, mas simplesmente continuei a rolar. E a rolar. E a rolar. Numa das paragens marquei dormida numa Guest House em Ponte de Sor, onde cheguei relativamente cedo. Aproveitei para tratar, além das compras e lavagens habituais, da manutenção da bicicleta. A casa era toda só para mim, e tinha um espaço tipo pátio onde podia tratar da bicicleta. 

Depois de uma limpeza completa com toalhetes húmidos, coloquei cera na corrente. Era a primeira vez desde a partida que me preocupava com a lubrificação. Porque não tinha tido razões para me preocupar! E continuava a não ter, mas o susto com o "furo" fez-me dar mais atenção à bicicleta. Falando deste furo, voltei a dar uma olhada na roda traseira, agora com calma e tendo limpo todo o pneu. Mesmo assim não consegui identificar o furo e tudo o que fiz foi colocar mais ar e rodar a roda, para distribuir o líquido.



Alguma atenção depois de 1200Km 



Cera para cima!


Depois do jantar, cozinhado pelas minhas mãozinhas na cozinha completa disponibilizada (o Dentuça não se ajeita), ponderei instalar-me no prometedor sofá da sala, onde um enorme televisor prometia entretenimento para o serão. Mas estava demasiado cansado para TV ou filmes. E como em noites anteriores, pouco depois de escurecer já estava a dormir.

Dia 18. Pedrógão Grande-Ponte de Sor. 117Km. (Estrada).

Sem comentários:

Enviar um comentário