sábado, 24 de abril de 2021

Projecto Bacalhau: Dia 2 - Todo Queimado

Diz que a zona de Fátima não é muito plana


Amanhece em Olhos D'Água. Deixo escapar um longo bocejo enquanto afasto os lençóis e tomo algum tempo para apreciar o conforto do meu leito. Não muito longe, o Dentuça parece também aprovar a qualidade das nossas acomodações. Na noite anterior dei por mim numa espécie de Bar finório não muito longe do Parque de Campismo. A Internet insistia que por cima do bar havia um hotel, e era verdade. Cheguei mesmo a tempo da hora do fecho e consegui um quarto. Não que fosse muito difícil, o sitio estava vazio e fui literalmente a única pessoa a dormir no edifício, até o simpático empregado foi-se embora assim que me mostrou o quarto.    


O Dentuça aprova!


A manhã trouxe consigo alguma sobriedade, depois da vertigem dos km do dia anterior. Apesar da hora tardia da partida, tinha conseguido cumprir o objectivo. Mas a que custo? A bicicleta e os meus sacos estavam cheios de pó, como se tivesse atravessado metade do Casaquistão. Tinha conseguido manter-me hidratado e nutrido q.b. mas aparentemente tinha descuidado outra coisa. Trazia comigo protector solar e apesar das altas temperaturas e do percurso desabrigado, quase sempre sem sombra, não me lembrara de  utiliza-lo. As consequências eram agora bem visíveis, tinha os braços e as pernas completamente vermelhos, tipo bife em Albufeira em Agosto, e eu sentia dores na pele como não tinha desde alguns dias de praia em criança. 


Ainda lá está!


Sim, dói tanto quanto parece

Enfim, o que não tem solução solucionado está. Não será nada do outro mundo. O dia hoje seria curto, tinha previsto ir até Fátima, que é muito perto, e passar lá a noite, para ter tempo de dar uma volta pela cidade. Teria oportunidade para recuperar. Depois de um belo pequeno almoço, deixei para trás o conforto do Hotel e voltei ao percurso BTT do meu track. O caminho era curto, mas com subidas muito... interessantes! Apesar das dores nos braços, sentia-me bem na bicicleta e podia descontrair, apreciar a paisagem e tirar fotografias. Fátima era ali ao lado, e antes do almoço já lá estava.


Um dia mais ameno


Uma para o álbum

Dei uma volta e em pouco tempo estava tudo visto. Encontrei um parque de merendas e resolvi almoçar por ali, para tentar equilibrar o orçamento e recuperar da despesa inesperada da noite anterior. Tinha comigo um fogareiro de álcool e algumas refeições desidratadas, para fazer frente a possíveis imprevistos. Não posso dizer que foi um petisco, mas fiquei saciado. Aproveitei a ocasião para reservar dormida. Fátima não possui parque de campismo, por razões inexplicáveis, dada a quantidade de oferta de outros tipos de alojamento. Fiquei num hotel barantongo, sem grande história, um dos muitos desta terra, e aproveitei para dar mais uns passeios.


As fotos da praxe


Não passava no GCN


Muito pouca gente em Fátima


O almoço dos campeões. Ou qualquer coisa

Com a minha habitual indumentária pós-pedalada, uns calções super leves, uma t-shirt de desporto e chinelos de dedo, fiz o meu caminho até ao Aldi das redondezas. Estava preocupado com as minhas mazelas e arranjei um refrescante creme Aloé Vera para a pele. Comprei também cerca de meia tonelada métrica de comida saudável, que cozinhei e devorei no quarto do hotel. A coisa acabou com uma caixa inteira de morangos, empurrados por uma saborosa cidra. Afinal tinha que ganhar forças, amanhã seria outro dia na estrada.

Dia 2. Olhos D'Água-Fátima. 35km (BTT/Estrada) 

Sem comentários:

Enviar um comentário