terça-feira, 9 de novembro de 2010

Orçamento participativo da CML

Projectos vencedores de 2011, comunicados pela CML:

1º. Criação de um Campo de Rugby Municipal na cidade de Lisboa – 730 votos
Área: Desporto
Descrição: O projecto prevê a construção de um campo de rugby, com equipamentos de apoio, balneários, iluminação e vedação do mesmo.
Local: Alto do Lumiar - Parque Urbano Sul
Custo: 900.000,00 €
Prazo de execução: 18 meses

2º. Parque Urbano do Rio Seco 3ª Fase -714 votos
Área: Espaço Público e Espaço Verde
Descrição: Implementação da 3ª fase do Parque Urbano do Rio Seco.
Local: Rua Eduardo Bairrada
Custo: 1.000.000 €
Prazo de execução: 24 meses

3º. Requalificação da Envolvente da Igreja de Santa Clara – 600 votos
Área: Espaço Público e Espaço Verde
Descrição: Requalificação da envolvente da Igreja de Santa Clara.
Custo: 250.000 €
Prazo de execução: 18 meses

4º. Centro de Actividades Intergeracionais - Quinta da Bela Flor - 520 votos
Área: Acção Social
Descrição: Criar um centro de actividades intergeracionais no âmbito do programa envelhecimento activo e saudável no Bairro da Bela Flor.
Custo: 250.000 €
Prazo de execução: 24 meses

5º. Requalificação e Cobertura do Espaço Desportivo existente no Bairro do Cabrinha – 506 votos
Área: Desporto
Descrição: O projecto prevê a reabilitação do campo de jogos, considerando a substituição do piso, substituição das redes de todo o equipamento desportivo e colocação de cobertura fenólica ou membrana.
Local: Av. de Ceuta - Bº da Cabrinha
Custo: 300.000,00 €
Prazo de execução: 6 meses

6º. Casa destinada a Mães (Pós-parto) – 473 votos
Área: Acção Social
Descrição: Espaço destinado a mães e bebés que vivem os meses pós-parto em situação de isolamento. Pretende-se que este espaço funcione como um lugar informal de partilha de experiências e de acesso a informação diversa, nomeadamente a questões relacionadas com a amamentação, depressão pós-parto, etc.
Custo: 800.000 €
Prazo de execução: 24 meses

7º. Quinta do Bom Nome – 408 votos
Área: Espaço Público e Espaço Verde
Descrição: Projecto de qualificação da Quinta do Bom Nome integrando parque infantil.
Local: Quinta do Bom Nome
Custo: 1.000.000
Prazo de execução: 24 meses

A câmara adiantou ainda ter registado a maior adesão de sempre, 11.570 votos. Um desses votos é meu, mas não foi para nenhuma destas propostas. O orçamento participativo é uma boa ideia, uma ideia que pretende aproximar as pessoas das decisões tomadas pela CML. É didáctico, mas não é por aqui que se resolvem os grandes problemas de Lisboa. Aliás, é penoso (e deveria sê-lo para os responsáveis camarários) encontrar propostas de coisas tão simples e óbvias como reparar passeios ou limpar jardins
. Problemas que pelos vistos as pessoas só tem esperanças de ver resolvidos via orçamento participativo.

Em Lisboa, o rei não vai nu. Vai de SUV.

Não deixo de ficar triste com este desenlace. São necessários muito poucos votos, em valores absolutos, para conseguir eleger um projecto. Não houve 408 pessoas, para além de mim, que votassem em algo relacionado com a mobilidade em bicicleta na capital. Se tivessem votado, essas 408 pessoas seriam suficientes para o levar adiante. Enfim, quem alimentava ideias de "forçar" o executivo camarário a criar condições para o uso da bicicleta na capital através de projectos aprovados no orçamento participativo, pode começar a procurar alternativas.


Mobilidade? Sim, claro, estamos a fazer mais estradas

Infelizmente eu não imagino quais possam ser. Como com qualquer órgão de poder neste país, é difícil entrar em contacto com a CML e mais difícil ainda perceber o que andam os senhores a fazer, em nosso nome e com o nosso dinheiro. A não ser que sejam eles a dizer-nos.  Mas de acordo com este documento, não será de esperar grandes mudanças no paradigma da mobilidade na capital: não há grandes investimentos nessa área previstos para os próximos 3 anos, e se a crise económica se mantiver, provavelmente não se realizarão nem os previstos.  

Não se vêem bicicletas: a ciclovia não vai a lado nenhum!

Ou seja, esperam-nos pelo menos mais 3 anos de ditadura do automóvel, com uns poucos metros de "ciclovias" no passeio aqui e ali, desconexas e inúteis. E um projecto de Bicicletas Partilhadas que está em stand by, o que até se percebe: vão alugar bicicletas às pessoas para elas irem andar para onde? Quem tem capacidade e coragem, já anda no dia-a-dia nas avenidas, com os enlatados enraivecidos como companhia. O resto vai continuar à espera. E a passear à beira mar ao Domingo, com o cão e a criançada.

5 comentários:

  1. E apoiar aquilo (pouco) que está feito para se poder exigir mais, em vez de dizer apenas mal? Se a Câmara não sentir que os investimentos feitos nas ciclovias (poucas e mesmo que não sendo perfeitas) não é bem aceite nem pelos ciclistas, que incentivo terá para continuar?

    Acho bem que se exija mais, mas não podemos dizer apenas mal. Criticar o que está feito é o mais fácil. Difícil é fazer.

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  2. Bessa,

    Será que este ano os ciclistas nada fizeram por acharem que não vai dar em nada?

    O ano passado foram alocados 700 000 Euros para a proposta BUS+Bici e ainda nada foi feito a esse respeito...

    A.C.

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  3. Caro anónimo,

    Enquanto Lisboa continuar entregue à ditadura do automóvel mais absoluta, enquanto não for possível circular de bicicleta (ou mesmo a pé!) com um mínimo de conforto e segurança pelas suas ruas, é garantido que encontrará nestas páginas críticas à CML.

    Cumprimentos

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  4. A.C. - Eu penso que alem de uma desmotivação dos "activistas", há que ter em conta também o voto disperso por inúmeros projectos... Este ano havia várias propostas de interesse para o ciclismo utilitário e talvez o voto se tenha repartido, mesmo diluído, entre as diferentes possibilidades.

    Um abraço,
    Bessa

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  5. Eu voltei a votar num projecto pró-peões. Há que definir as prioridades, e esta cidade não é para peões...

    @Anónimo das 04:06: «Se a Câmara não sentir que os investimentos feitos nas ciclovias (poucas e mesmo que não sendo perfeitas) não é bem aceite nem pelos ciclistas, que incentivo terá para continuar?» A CML não fez estas ciclovias para os ciclistas, fê-lo para um ciclista hipotético, imaginário, um peão, utilizador de TP ou motorista convertido. É desses que pode esperar congratulações e elogios.

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