terça-feira, 17 de maio de 2011

B.U.S.

B.U.S.

Enquanto não me decido sobre a nova bicicleta, adaptei a minha BTT para uso utilitário. Tenho uma Bicicleta Utilitária Substituta. Não são alterações muito extensas, porque não estou inteiramente seguro da viabilidade desta ideia e também porque queria manter a minha Cinder Cone, companheira de tantas aventuras, revertível ao seu estado original.

Mesmo assim, tive que comprar algumas peças e fazer várias modificações:

Rodas e Pneus.

Usei um par de rodas extra de 26 polegadas que tenho para "treino de estrada", que não utilizava já há algum tempo. A cassete da roda de trás é igual à de BTT, pelo que as relações de transmissão só não são as mesmas porque o diâmetro das rodas mudou. Os pneus sliks não chegam a ser tão estreitos como uns verdadeiros pneus de estrada, a medida é 26x1.20 e a aderência é bastante boa. Mesmo assim, acho que preferia algo mais largo e com um perfil mais alto, para ajudar à estabilidade. Outra alteração que fiz foi remover os apertos rápidos das rodas e substitui-los por apertos de segurança, que só abrem (espera-se) com chave própria.


Parece um ângulo exagerado, mas eu ainda queria mais!

Quadro e controlos. O avanço de 110mm de série foi trocado por um das mesmas dimensões, mas regulável. Está colocado agora num ângulo de 40 graus, de modo a permitir uma posição de condução mais erguida. Os punhos são os de BTT, mas são desconfortáveis e ando à procura de uns mais ergonómicos. Troquei o aperto rápido do espigão do selim por um menos rápido. Coloquei uma grade porta bagagens. Infelizmente, devido ao desenho das modernas BTT, é fácil bater com o calcanhar nos alforges, porque as escoras traseiras da bicicleta são demasiado curtas. Por mais que eu recue o meu alforge de uso diário, o problema persiste. E não é o único, já tive dois incidentes graves em que o alforge foi sugado pela roda, devido à proximidade e protecção insuficiente da grelha porta bagagens. Não destruí a roda por sorte.

Pedais de plataforma, reflectores e fechos de segurança.

Componentes utilitários. Quase nada. Troquei os pedais SPD por uns de plataforma, com reflectores. Não comprei guarda lamas porque não estou seguro de os conseguir instalar na frente, por causa da suspensão. Tenho um protector de corrente completo, mas o seu apoio principal encaixa num dos copos de plástico do eixo pedaleiro e isso implica desmontar todo o eixo para fixar o protector. Já tentei e não consigo, com as ferramentas que tenho, remover o eixo. Por agora fica assim. Entalo as calças nas meias ou uso calções. Descanso lateral também não tenho. O único tipo de modelo que tenho a certeza que funcionaria é daqueles de encaixar no quadro, nas escoras traseiras, e as unidades que vi à venda (no Decathlon) não me convenceram.

Iluminação. Estou a usar luzes amovíveis, a pilhas e baterias, como no BTT. Instalar um sistema de dínamo seria demasiado complexo e dispendioso. Como os pneus não têm faixa reflectora incorporada, tive que instalar uns reflectores laranja nas rodas. Feiosos, sim, mas eficazes e uma exigência legal para circular de noite.


Sim, eu sei, parece um Fiat Punto do tuning

Em conclusão, posso dizer que os resultados me deixam com um misto de sensações. Por um lado mantenho a opinião de que qualquer bicicleta serve para um uso utilitário, um pouco como todos os sapatos servem para andar. A questão é saber se uma bota da tropa é a melhor opção para anda a passear largas horas pela cidade. Ou jogar ténis de mesa.

A minha antiga Riverside, uma bicicleta de gama baixa, de um fabricante pouco reputado, deixa a anos luz qualquer BTT transformada, no que toca a uso urbano e utilitário. Na sua configuração actual, a minha BTT pesa quase menos 4 quilos que a Riverside e tem componentes incomparavelmente melhores (desviadores, travões, etc.) e mesmo assim eu preferiria o conforto, e a estabilidade desta última.

E quais são as razões de tanta diferença? Fundamentalmente tem a ver com a ergonomia e o desenho dos quadros. As BTT's modernas são muito viradas para a competição, mesmo os modelos mais baratos. Isso obriga a escoras curtas, para menores perdas em aceleração, o que dificulta ou inviabiliza o uso de alforges. São só 2 ou 3 centímetros de diferença, mas é o suficiente. O eixo pedaleiro é também mais distante do solo, para facilitar a ultrapassagem obstáculos. O resultado são bicicletas mais instáveis, mais curtas entre eixos e mais desconfortáveis, por muito bons que sejam os componentes utilizados. As diferenças para um modelo utilitário podem se minoradas, claro. Posso viver com uma BUS? Posso. Mas não é a mesma coisa.

5 comentários:

  1. Boas Bessa vejo que já andas montado a surfar nesta city, folgo em o saber.

    Tens razão uma bicicleta urbana roda 28 e com o rasto mais liso faz maravilhas em cidade.

    Tambem eu o comprovei vindo de uma BTT de supermercado do ano longínquo de 1995 pesada

    para Xuxu, e tendo recentemente adquirido uma Orbita Estoril II H estou rendido aos benefícios das

    bicicletas urbanas.

    E ainda posso dizer que como a bicla é nacional, estou a consumir responsavelmente e não estou

    nada arrependido uma vez que a qualidade está lá sem contudo entrar em exageros, muito bom

    produto qualidade preço.

    Scooters e biclas estão a ser a minha perdição e a minha bênção.

    Obrigado de com este blog teres picado novamente o bichinho....

    From JAMPEX do scooterpt.

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  2. Se bem te recordas, tinha falado nisto há tempos. Acho uma excelente ideia. A minha Specialized Globe Sport é feita a partir de um quadro de BTT (acho que apenas a forqueta é diferente, mais direito e rígido), mas preparado para levar rodas de 700x35, com que vem equipado.
    Independentemente disso, acho uma excelente ideia. Pelas minhas contas, um pneu de 1.20 ou seja, pelas minhas contas, de largura é pouco mais do que 30c, mais fino que o meu. Tem mais instabilidade e conforto mas muito menos resistência a rolar. Não te esqueças é de andar com eles com 7 ou 8 bar de pressão (c.100psi).
    Em suma, acho uma ideia excelente esta transformação; e dado que não é definitiva, tanto melhor.

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  3. Pode montar guarda lamas sem problemas. Existem uns modelos fancy adaptados à largura dos pneus normalmente usados no BTT e existem modelos exactamente iguais aos mais clássicos de cidade, mas com medida para roda 650 ou 26". Há que ter em conta os encaixes, mas pelo que vejo na foto, não terá problema com isso.
    Escrevi recentemente sobre luzes e olhe que o investimento no sistema com dínamo pode ser comprado no eBay por valores muito em conta.
    As bicicletas de montanha ficam sempre com muito melhor ar quando vestem uma roupinha aprumadinha!

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  4. Há perdições piores : ) Um abraço, JAMPEX

    Pedro, quase aposto que a tua Globe tem o eixo pedaleiro mais baixo (tipo, 27 cm?) e uma maior distância entre eixos que uma BTT. Além de as escoras traseiras, por força das rodas 700 serem mais longas e acomodarem alforges facilmente.

    Boas pedaladas!

    Um abraço.

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  5. Obrigado Humberto, a minha preocupação é mesmo com os guarda lamas e talvez pneus. As luzes por enquanto não são prioridade, porque tenho alternativas. Mas um sistema de dínamo faz todo o sentido, e provavelmente só não se vêem mais por cá por cauda da febre "lúdica" da bicicleta,

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