quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Rotunda do Marquês: o PREC continua, pelo menos até ao 25 de Novembro

É o que parece pensar o ACP, que fez recentemente uma avaliação das consequências das obras no Marquês e na Avenida da Liberdade, passados que estão 30 dias desde o início deste "experimentalismo radical" da Câmara de Lisboa.

Já lá vai um mês

Poupo-vos os detalhes, mas conclui o ACP que basicamente tudo é mau. Principalmente porque parece que se leva agora mais tempo a atravessar aquela zona de carro particular. Não sou grande fã das alterações, mas pelo menos estas parecem-se enquadrar numa lógica em implementação desde há muitos anos nos países do resto da Europa, que é restringir o acesso automóvel aos centros urbanos. Restringir é aqui a palavra chave! As obras não foram feitas para atrair mais carros para o centro de Lisboa, foram feitas para os afastar. Ou seja, nada foi feito para facilitar, foi mesmo para dificultar! Logo, se há maior demora no trânsito, então é sinal que os objectivos gerais estão a ser cumpridos. Quanto menos facilidades para o pópó, menos interesse em utiliza-lo.

Será para manter?

É claro que o ACP está habituado a um tratamento muito diferente para sua excelência o automóvel, e este conceito de que "menos carros é bom" é coisa absolutamente incompreensível para os seus dirigentes. O clube agarra-se então a expressões como"experimentalismo" e "radicalismo" para qualificar as alterações, já para não falar na já clássica frase dos "pobres automobilistas forçados a passar naquela zona". Mas quem é que obriga essas pobres alminhas a pegar no enlatado? Toda a ideia é não circular de carro naquela zona. Há uma coisa muito engraçada chamada "metro" que está lá desde os anos 50 e outra ainda mais antiga chamada "autocarro". Se quiserem insistir no transporte individual, acho muito bem, vão de bicicleta e até podem parar de reclamar dos senhores da Galp.

Estes "experimentalismos radicais" são na verdade a norma nas cidades dos países europeus por cujo nível de vida costumamos suspirar. Em Londres, uma cidade que nem é exemplo em termos de mobilidade sustentável, as maiores avenidas tem em geral a configuração que a Av. da Liberdade agora apresenta: duas faixas para cada lado apenas, uma delas sempre BUS. Com a diferença que praticamente não existe por lá estacionamento público, coisa que ainda persiste na Av. da Liberdade e por todo o centro de Lisboa. Mas o Zé-Tuga não consegue largar o carro por cinco minutos que seja, e o mundo inteiro é que tem se acomodar a esta realidade, ao contrário é que não pode ser nada. É uma chatice.

Uma autentica lêndea viva do automobilismo português

O Querido Líder do ACP, democraticamente reeleito em 2011, uma manobra que até se compreende à luz do êxito de outro grande cacique, aquele da Madeira, continua a viver noutra era e a verbalizar ideias populistas que agradam aos menos esclarecidos, enquanto ele cavalga a onda mediática e se posiciona para outros voos. Seja no desporto ou na política, o ReichFürer Barbosa vai a todas, porque está mais que visto que isto é um visionário que nasceu para liderar as massas. Aparentemente também nasceu para coleccionar relógios e depois ficar sem eles, mas isso é outra história.

Este esquema é demasiado complexo para o automobilista médio

A importância das obras do Rotunda reside no facto delas serem justamente temporárias. Tal como na remodelação da Baixa, está por demonstrar que a CML tenha a força suficiente para implementar de forma definitiva as restrições ao tráfego automóvel. Se conseguir, é pelo menos um passo na direcção certa, com décadas de atraso, mas mais vale tarde que nunca. Se falhar, será mais uma vitória do ACP contra o "PREC urbano" em curso e o regresso à Idade Média Rodoviária em que vivem Barbosas e companhia, com prováveis implicações sérias também para o futuro da mobilidade ciclável da capital.

Não percam os próximos capítulos.              

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