quinta-feira, 5 de abril de 2012

No Sul

Quando acordei do merecido descanso da minha volta a Lisboa, constatei que afinal aquilo não tinha sido um sonho e que o Carlos Barbosa e os seus Zombies Marrecos tinham mesmo tomado de assalto a capital. Basta sair à rua e ver. Mas não se pode dizer nada, qualquer palavra anti-automóvel em Portugal é logo considerada fundamentalismo.

Como ainda não posso emigrar, fui de férias. Felizmente ainda é possível fugir ao apocalipse motorizado, mesmo que apenas momentaneamente. No monte há menos carros. Acho que isso é que me tem feito pegar mais na bicicleta de montanha, estou farto de guerrear por um pedaço da via pública em que as regras e os utilizadores jogam todos contra mim. Isso e o facto de actualmente não ter nenhuma bicicleta urbana. Seja como for, a sensação de liberdade é incomparável. Estava a precisar disso.

"Hum, será que fechei o gas? Fechei, fechei. Não, espera, ficou ligado! Ou não..?"

Seguindo a indicação de comentários deixados neste blogue, parti à procura dos tais trilhos lendários do Sul do País. Concretamente, em Vilamoura (quem diria!) começa um pequeno percurso muito interessante. É acessível a todos, mas contem também os ingredientes da diversão para os mais audazes. Começa nas Falésias condenadas da praia da... Falésia. O acesso àquela zona é desaconselhado, mas acreditem que vale a pena o risco. Pelos trilhos e pela vista. (Fotos de malta do BTT aqui)

Para quem conheça a zona, a volta é esta

Encontrei uma ninhada de raposas, atravessei um riacho épico (várias vezes) e passei um dia excelente na companhia de amigos. Que mais se pode pedir? Talvez que não chovesse logo quando eu vou ao Algarve, num ano que tem sido dos mais secos? Isso se calhar já era pedir muito, mas não estragou o passeio.  

Não posso deixar de falar (outra vez) das ciclovias de Vilamoura. Sim, são mais embelezamentos urbanos e tal, e a maioria do pessoal continua a usar o automóvel até para ir à casa de banho. Mas a verdade é que os percursos são utilizados, seja para recreio, seja para transporte. E alguns não são paralelos a nenhuma estrada, são vias exclusivamente pedonais ou ciclo-pedonais. Isso marca uma diferença que eu não me importava de ver implementada em Lisboa.

Se o futuro não é isto, devia ser.

De volta à realidade pura e dura do grande-baldio-parque-de-estacionamento-com-umas-casas-à-mistura que se chama Lisboa, onde estacionar em cima do passeio é sagrado mas roubar comida é severamente punido, já só consigo pensar na próxima escapadela.  

3 comentários:

  1. Por aqui também gasto os meus pneus, por aqui e pelos montes a norte. Em que zona estavam os rapozinhos?

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  2. Mário,

    A ninhada (deviam ser uns 8) estava com a mãe ao pé de um trilho, mesmo ao lado da cerca que delimita a "zona perigosa" das falésias. Boas Pedaladas!

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  3. Passo muita vez por aí, mas sempre fazendo o total do trilho que começa/acaba junto à rampa de acesso à praia da Falésia/Açoteias. Já vi do alto golfinhos.

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