segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Commuter Hardcore

A caminho de  Lisboa

Nas últimas semanas tenho, por fim, utilizado a bicicleta a diário em Lisboa. Vou de comboio até ao Cais do Sodré e depois é só dar ao pedal. Não tenho grandes dificuldades a relatar, na verdade tudo tem sido mais fácil do que aquilo que eu tinha antecipado.

Trânsito: Tenho sido mais respeitado do que aquilo que estava à espera. Eu ando em parte por grandes avenidas e algumas zonas de transito denso e/ou rápido, como a rotunda do Marquês de Pombal. Até agora tenho tido alguns sustos, mas menos do que o esperado, talvez até menos do que o que encontrava há uns tempos numa scooter ou moto.

Subidas: Ao contrário dos mitos e das desculpas, é possível fazer uma série de percursos praticamente planos na cidade de Lisboa. Infelizmente não é o meu caso, pois tenho que passar da cota do rio até à Av. de Berna. Faço a Av. da Liberdade pela lateral, todos os dias. É chato porque faz-me transpirar quase sempre um bocadinho. O pior é o trânsito (é a zona ao ar livre mais poluída de Portugal por alguma razão) que fica tão compacto que por vezes nem de bicicleta se fura.

Pavimento: O estado do pavimento das nossas ruas e avenidas é bem pior do que as pessoas imaginam. Os automóveis modernos com pneus enormes e suspensões sofisticadas são uns sofás de conforto e desculpam muita coisa que uma bicicleta sem suspensão não consegue filtrar. A descer a António Augusto de Aguiar ou a Av. da Liberdade, tenho que segurar o guiador com muita força, não vá ele saltar-me das mãos ao passar sobre algum buraco mais camuflado, coisa que já esteve para acontecer um número assustador de vezes. O empedrado e os carris de eléctrico também estão presentes em múltiplas zonas.

Peões: A maioria dos peões lisboetas encaram a bicicleta não tanto como um veículo mas como uma espécie de peão armado ao pingarelho. Se me vêem a chegar, atiram-se para a minha frente sem receios, convencidos que eu não posso vir assim tão depressa e que, de qualquer forma, posso sempre desviar-me sem esforço, como qualquer...peão. Só que a 30 km/h as coisas não se passam bem assim. Eu já apanhei alguns sustos e eles também. O pior é que as pessoas ficam indignadas, parecem pensar que eu as estou a assustar de propósito ou algo assim. (Costumo gritar ATENÇÃO em caso de perigo iminente). Das pseudo ciclovias é melhor nem falar, até porque quase não as uso.

A Bicla: Uso uma bicicleta de Trekking de roda 700 e 24 mudanças de gama média/baixa. Não é leve, não é chic, mas tem o equipamento necessário e até agora tem chegado para o que se lhe exige. Tem mudanças suficientes para subir tudo e mais alguma coisa e também para rolar depressa (atingi o outro dia 65 km/h, nem sei bem como). Não tem suspensão, uma coisa que eu achava supérflua para uma bicicleta deste género, mas que faz falta numa cidade como Lisboa. Ou isso ou pneus largos! 

De noite: Tenho circulado de noite, utilizando só as luzes e reflectores que fazem parte do equipamento de série da minha bicicleta. O resultado é excelente, até porque o centro de Lisboa não tem grandes problemas de iluminação pública. As zonas mais "escuras" por onde passo à noite são a Av. 5 de Outubro e a Rua do Arsenal. De notar que eu não ando com coletes reflectores nem uniforme de power ranger ou coisas desse género. Uso roupa normal.


Os Taxistas estão mais civilizados
 
BUS: Embora não tencionasse inicialmente fazê-lo, tenho verificado que circulo bastante em faixas BUS. Sobretudo na Baixa. Até agora nunca senti que estava a incomodar ou a atrasar fosse quem fosse, e até sou a favor da liberalização destas faixas de modo a acomodar também os ciclistas, mas não pretendo fazer um uso reivindicativo e circulo aqui o menos possível.

O tempo: Tenho pensado que se os Suecos andam de bicicleta com neve, isto por cá são peanuts. Ainda não apanhei nenhuma molha séria enquanto pedalava, mas tudo indica que amanhã será um bom dia para isso. O pior nestas alturas é o piso escorregadio e a visibilidade reduzida, a minha e a dos outros. Nestes momentos é que sinto que seria bom dispor de ciclovias, para fazer o caminho mais descansado.

Policia: Já se sabe que a policia em Lisboa permite fazer quase tudo em matéria de tráfego. Felizmente as bicicletas não são excepção. Eu sou um tipo que cumpre o código até ao limite, mas mesmo eu já senti necessidade de desafiar a lei, por virtude de ela estar tão mal preparada para acomodar o ciclista. Assim, peço autorização aos policias municipais para seguir em frente na praça do município (que está cortada ao trânsito) e entrar na rua do Arsenal, (que é só para BUS), e eles: Força!

5 comentários:

  1. Faço este percurso duas a três vezes por mês numa bicicleta de 1 velocidade (C.Sodré-Qta.Conchas, Lumiar) e na última Sexta-feira do mês P.Arcos-Algés de bicicleta também. Se quiseres junta-te ao Oeiras Commute no Facebook: http://www.facebook.com/pages/Oeiras-Commute/113627675323936

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  2. Bessa: para colmatar a subida podes sair do comboio em Alcantara e apanhar outro até Sete Rios ou Roma que já está no "planalto". A partir daí é sempre plano!
    Há sempre opções!

    Abraço

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  3. Não me importo com a subida, só com os engarrafamentos e a poluição. Apanhar outro comboio, no meu caso, também não faria muito sentido.

    Sobre o commute, pode ser que consiga juntar-me a vocês um destes dias, mas os meus horários são um pouco exóticos...

    Um abraço!

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  4. Bernardo Campos Pereira14 de dezembro de 2010 às 14:56

    combinamos um commute de regresso se achares bem!

    Boas pedaladas!

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  5. Parabéns!!!! Eu faço todos os dias Campolide_Alcantara e o contrário à noite. De manhã é mesmo fixe, sempre a descer, em 15 minutos estou no trabalho, bate qualquer transporte. À noite demoro 25 minutos, mais rápido que trasporte públicos e pouco mais lento que o carro a contar com o tempo para estacionar, nada melhor.

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