segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ciclismo suburbano


 
O meu programa de festas deste domingo envolvia uma deslocação à Fábrica da Pólvora, para um solarengo picnic familiar. Não querendo entregar mais uns euros à Scotturb, resolvi ir de bicicleta. Imaginei que num domingo de Agosto não houvesse muito trânsito e não me enganei. Fiz um esforço por arranjar um caminho que não metesse vias muito movimentadas e acabei por conseguir um percurso mais ou menos pacifico. Foi algo como Carcavelos-Sassoeiros-Porto Salvo-Leceia-Tercena.


Ciclovia de Oeiras.


Comecei por cruzar a famosa "ciclovia" de Oeiras, no meu caminho para Sassoeiros. É estranho andar pelo lado esquerdo da estrada, mas é assim que a ciclovia foi feita. Também é preciso ter alguma atenção à saída, parte do trajecto é um circuito oval, quem não o conheça bem pode andar ali às voltas àquilo e não chegar a lado nenhum. Isso nem é o pior, depois a ciclovia começa a subir pelos passeios e a ser interrompida cada vez com mais frequência, sempre sem prioridade para o ciclista. Regressei à estrada.


Parece fixe. Mas não é.

Daqui para a frente segui o caminho que teria usado se me deslocasse movido a motor. Graças ao pouco trânsito, não tive problemas nos acessos ao Lagoas Park, que atravessei, nem nas rotundas de Porto Salvo. Utilizei a berma onde ela existia e os poucos automóveis que me passaram fizeram-no com civilidade e a velocidades razoáveis. Imagino que noutra altura do ano as coisas não serão bem assim. A subida para Leceia não custou tanto como imaginava, mas a descida do outro lado do morro provou ser interessante. A bicicleta ganhou facilmente velocidade, dei por mim com os travões cravados, atrás de uma fila de carros que seguiam ao ritmo de um tractor que ia na dianteira. Sentia a bicicleta instável, os pneus com pouca aderência e as rodas com vontade de bloquear sob o esforço intenso da travagem. Achei mais seguro ultrapassar toda a gente e seguir ao meu próprio ritmo. Foi o que fiz. Bicicleta 1, filas de trânsito 0.

Dali até à Fábrica da Pólvora foi um pulo, mas um pulo ligeiramente ilegal. A estrada está reservada a transportes públicos no sentido em que eu seguia. Nestas coisas costumo ser muito cumpridor, penso que se não for assim continuaremos a ser considerados por alguns como "usurpadores da via". Sou daqueles que para nos semáforos, paro nas passadeiras e evito em geral meter-me em confusões. Mesmo assim, a rede viária está de tal forma feita única e exclusivamente a pensar em automóveis ligeiros, que por vezes sinto-me compelido a desafiar as normas. Este foi um caso desses. Poupei uma volta de 3 km, vários cruzamentos potencialmente perigosos e uma subida monumental.


Animais também não são bem vindos


Na Fábrica, novo desafio. Está proibida a entrada de velocípedes. Acho sempre graça a estas proibições, as bicicletas parecem ser uma praga a combater, na cabeça de algumas pessoas. Que não se possa pedalar dentro do complexo (que é enorme), até aceito, mas que eu tenha que deixar a bicicleta cá fora, onde não há nenhum sítio onde a prender... Enfim. Fui falar com os seguranças e fui informado que não existia nenhum estacionamento para bicicletas. Para quê? Toda a gente sabe que ninguém vem para aqui a não ser de carro. Perante a indiferença, levei a bicicleta para dentro, à mão, e amarrei-a a um banco. Segunda ilegalidade?


Sôr Isaltino, estacionamento para bicicletas, SFF

No regresso penei para levar os 20 kg de bicicleta carregada pelo morro de Leceia acima. Foi épico, justamente porque não desmontei, mesmo quando pensei que havia alguma coisa de errado com as mudanças ou que a minha sobrinha se teria enfiado no alforge. O regresso foi feito pelo mesmo caminho e sem sobressaltos. No total do dia somei 23 km, feitos em grande parte em estrada aberta, debaixo de muito calor. Mesmo assim, ainda cheguei apresentável. Quase.

sábado, 28 de agosto de 2010

Transportes para o povo

Paga e não bufa

Era inevitável que, tendo vendido o meu último veiculo de motor de combustão interna, não pudesse depender inteiramente da bicicleta e acabasse por ter de recorrer algumas vezes aos transportes públicos. Tal como no caso do automóvel, nada me move contra os transportes públicos, e sou muito consciente da nossa mania portuguesa de dizer mal de tudo, que é afinal muito mais fácil do que fazer criticas construtivas e apontar soluções edificantes. 

Mesmo assim, este reencontro mais intenso com os autocarros, o metro e o comboio deixaram-me com  um ligeiro amargo de boca. Do metro de Lisboa não posso dizer nada de mal, pelo contrário. O comboio da linha de Cascais acho caro, mas também cumpre e tem a grande vantagem de permitir o transporte de bicicletas sem restrições dignas de nota. Mas os autocarros... Sejam da Vimeca, Scotturb ou até da Carris... Haja paciência! Na maioria conduzidos por Schumachers frustrados, os autocarros de carreiras suburbanas são um pequeno mundo aparte, onde a máxima que impera parece ser o "para quem é, bacalhau basta".

A coisa começa pelos atrasos, é pelo menos para mim um pouco irritante esperar em pé numa paragem algures, enquanto a hora prevista passa e do autocarro nem sinal. Depois, à chegada do peso pesado, temos de ter o cuidado de não ser atropelados por ele, é que os motoristas adoram fazer razias a toda a gente, utentes incluídos. Depois vem a surpresa do custo: 3,60 EUR parece ser o preço padrão para um bilhete comprado a bordo das transportadoras privadas, para cobrir algum tipo de distância significativa (+ 5 km). Por esse dinheiro, fica mais barato ir de carro, mesmo tendo em conta aquelas despesas que os automobilistas raramente contabilizam. Não admira que muita gente o faça.

E se acham que os autocarros são modernos e confortáveis, bom, têm alguma razão. Infelizmente, mesmo quando dispõem de ar condicionado, por algum motivo este quase nunca está ligado e, mais uma vez, a condução "desportiva" e o habitual clima de guerrilha das nossas estradas retiram grande parte do conforto e tranquilidade destas viagens. Acabo sempre por me sentir como gado, bem antes de chegar ao destino. Atenção também à saída do veiculo, embora seja irregular e ilegal, há motoristas que param o autocarro em sítios perigosos, fazendo os passageiros sair para meio de um cruzamento ou encima de obras. Há também a hipótese de ficar entalado na porta, o autocarro não chega a horas a lado nenhum, mas o condutor tem sempre muita pressa.

Felizmente há, quase sempre, outras opções. Ora, onde é que eu deixei a bicicleta?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Ciclovias do Sul

Com o país a banhos, este vosso escriba teve também a oportunidade de rumar a Sul, para uns dias de mar e sol. Como de costume, não pude deixar de reparar nas ciclovias locais. Em Vilamoura, onde fiquei instalado, nota-se que existiu nos últimos anos uma clara preocupação em criar vias clicáveis, dos mais variados tipos. Desde a berma da estrada pintada de vermelho a passeios transformados em pistas mistas, há de tudo um pouco na zona, incluído a tão falada Ecovia* do Algarve.




Infelizmente, mesmo sendo Vilamoura uma espécie de parque temático criado artificialmente nas últimas décadas em redor da marina, uma "Summerland" para os abastados, as soluções criadas para acomodar o tráfego de bicicletas são aqui as mesmas que podemos encontrar noutras partes do país. Essencialmente, a maioria dos troços cicláveis foram feitos às custas dos passeios, ou são vias partilhadas criadas de raiz. Isto implica menos segurança tanto para os peões como para os ciclistas, e obriga quem se desloca de bicicleta a fazê-lo a velocidades muito moderadas, o que reduz as vantagens do uso deste meio de transporte. De notar que alguns espaços apresentados como pista para bicicletas são totalmente inapropriados para tal uso.


"Ciclovia" desenhada em cima de um passeio...


...partilhada com peões e, claro, pópós




Ciclo-faixa na estrada


Ciclovia partilhada, segregada da estrada


Mais uma vez, como sucede por esse Portugal fora, parece haver a vontade de apresentar obra feita, com muitos sinais com bicicletas desenhadas, talvez dando um ar de progresso e preocupação com o meio ambiente. No entanto, na prática, não parecem existir conhecimentos (ou vontade?) para tornar mais fácil o uso da bicicleta, parecendo estar os esforços mais virados para retirar os ciclistas da estrada, para longe da circulação automóvel, que por aqui atinge, no verão, proporções gigantescas. Numa terra de aparência cuidada, e apesar das vias de várias faixas de rodagem, dos muitos parques de estacionamento, e da boa sinalização, Vilamoura é palco de engarrafamentos constantes, estacionamento selvagem indiscriminado, até em frente aos grandes hotéis, e todo o tipo de abusos (que escapam impunes) a que estamos acostumados em Lisboa.


Max. 30 km/h e passadeiras sobrelevadas. Muito poucos as respeitam


Aqui o carro fica mesmo à porta. E não estorva ninguém, 'tá a ver?


Se é assim em Vilamoura, em terras mais proletárias como a vizinha Quarteira as coisas são ainda piores. Isso não impede que o uso da bicicleta no Algarve seja muito mais vulgar que em Lisboa. Por tradição local ou por força da presença de muitos estrangeiros que não partilham da "vergonha" lusitana de se deslocarem num veículo sem motor, a verdade é que, com ou sem ciclovias (e pseudo-ciclovias) é fácil encontrar bicicletas estacionadas e pessoas a deslocarem-se de bicicleta um pouco por todo o lado.


Estacionamento na Praia


 
Na marina de Vilamoura convivem carros de luxo e bicicletas



Bicicletas um pouco por todo o lado


*Sobre a Ecovia, que é suposto ser um trajecto de mais de 200 km, reservado a bicicletas, ligando o Algarve de Este a Oste, tudo indica que se trata de um mito. Muita gente fala nela, mas tanto quanto consegui perceber, o que existe de momento são troços dispersos, feitos cada um à sua maneira pela autarquia local, a maior parte sem grandes condições. Perto de uma praia em Vilamoura vi a entrada para uma parte do percurso. Enquanto fotografava a descoberta, fui intimado a sair do caminho por um automóvel que lá queria entrar, talvez, percebi depois, para se juntar aos outros pópós que por lá andavam. Perdi logo a vontade de conhecer esta "eco-via".


Eco-via??

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

The age of stupider


Tive de ir a Lisboa tratar de assuntos que prefiro não recordar, mas que envolvem senhoras antipáticas atrás de balcões a dizerem coisas como "falta o triplicado do impresso 33-B" ou "Isso leva pelo menos 3 semanas, se não for mais". Fui de bicicleta, e essa foi a parte boa do dia. Mas mesmo assim, não posso deixar de fazer mais umas quantas observações. Nestas coisas da mobilidade, há muita gente que escolhe uma abordagem 100% positiva, tentando ver sempre o lado bom das situações: estamos no bom caminho, com o tempo tudo se resolve, etc. Eu também gostava de ver as coisas assim, mas por vezes é difícil. Consta que foi preciso incendiar uns carritos invasores para os Dinamarqueses manterem as suas ciclovias.

Ciclovia ou percurso de obstáculos?

Comecei em Belém, e como sempre, os turistas preferem o piso da ciclovia aos passeios. Na cabeça deles as coisas devem passar-se mais ou menos assim: "Toda a gente caminha descontraidamente, pelo asfalto pintado com uns desenhos esquisitos. O dia está bonito e estamos de férias, fomos para fora cá dentro, nada é mais belo que o nosso Portugal! Mas eis que, neste dia perfeito, aparece um ciclista malandro que passa a grande velocidade, mesmo ao lado das pessoas. Coloca as nossas crianças em risco! Que grande mal educado! As bicicletas são mesmo um perigo, devia ser proibido!" Carros com as portas abertas para a ciclovia, pessoas a passear o cão pela trela, grupos numerosos parados a olhar para mapas, gente sentada no chão, quadriciclos de aluguer (sim, a motor) a cortar caminho, vi de tudo e parece que vale mesmo tudo. 

Esta passadeira já teve uma área para bicicletas. Agora não tem

Não basta que a ciclovia seja um labirinto desenhado por um sádico, de piso improprio e mesmo perigoso até para caminhar, mal sinalizada e cheia de cruzamentos onde o ciclista não tem prioridade. Que sirva a troços para colocar contentores, acesso a estacionamentos, ou mesmo para estacionamento. Não chega que se tenha que desmontar e levar a bicicleta à mão quase metade do caminho, nas zonas partilhadas e pelas passadeiras. Não, além de tudo isso a ciclovia está permanentemente invadida de pessoas que não parecem compreender o seu propósito. Fui insultado por gente que, estando dentro da ciclovia, perfeitamente delimitada, se sentiram ameaçadas pela minha passagem, depois de terem ignorado os meus avisos. O que é que se faz quando boa parte da população parece sofrer de algum tipo de atraso mental?

 
Atravessar? Sim, à volta. Desmontado. São SÓ 4 semáforos

Quando se está usar a ciclovia para transporte, não para passeio, todos estes problemas saltam à vista. Perde-se muito tempo e arrisca-se um queda ou uma colisão. Esta deve ser a única ciclovia do mundo onde existem carris de eléctrico (longitudinais) dentro do percurso! Foi muito mais seguro subir a rua do Alecrim. E descer a calçada da Glória.

Os jardins proibidos?

As minhas andanças pela capital levaram-me também até ao misterioso jardim atrás da policia municipal, que mencionei anteriormente. Continuava deserto. No tempo que estive lá a descansar e aproveitar o espaço, contei dois humanos e quatro canídeos. Oh, senhores! É sempre a mesma coisa, gasta a câmara rios de dinheiro em coisas que as pessoas não precisam. Então este espaço não dava um belo parque de estacionamento? Ou uma auto-estrada de 8 faixas!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

The age of stupid

 
Não, não venho para aqui fazer a apologia do filme activista com o mesmo nome, embora tenha ouvido boas coisas dele, ainda não o vi. Sucede que depois de dois dias a utilizar as ciclovias de Lisboa e arredores, e muitos mais na tentativa de resolver um problema burocrático tipicamente "tuga", este é o título que me vem à cabeça.


Como os touros, estes peões adoram o vermelho

Ontem fui dar uma volta ao Guincho. Levei a minha bicicleta nova, (ainda não tem nome) e fui com atenção ao percurso, tentando perceber as qualidades e defeitos da ciclovia ali instalada. Já lá tinha passado várias vezes, mas nunca perdi muito tempo com um olhar mais crítico. Agora rapidamente salta à vista a falta de sinalização nos inúmeros cruzamentos. Só naqueles em que existe um stop há alguma garantia de que os carros vão parar, mas mesmo assim convém desconfiar, a maioria dos automobilistas não conhece o código da estrada, e tem aquela ideia geral de que as bicicletas NÃO têm prioridade e portanto, toma lá disto... No resto dos cruzamentos e saídas de casas particulares, a menos que se considere que os pópós estão a sair de um estacionamento, o ciclista não tem prioridade e deve parar para deixar passar sua excelência, o enlatado. O que é estúpido.

Quem tem prioridade?

Mesmo sendo um percurso recreativo, uma ciclovia simplesmente não funciona se os utentes estiverem constantemente a ser obrigados a parar e a desmontar. Isso reduz a velocidade média drasticamente, já para não falar no perigo enorme que esses cruzamentos representam. Há registo de um elevado número de colisões neste percurso, eu próprio conheço alguns casos, mas não me parece que a câmara esteja muito preocupada com isso.

Via partilhada

Continuemos na ciclovia do Guincho e depressa descobrimos que afinal ela não é mais que um passeio pintado, onde se permite (e se obriga, a existência de uma ciclovia obriga os ciclistas a usa-la em detrimento da estrada paralela) circular bicicletas. Isto porque, em boa parte do caminho, este espaço limitado tem de ser partilhado com peões! Isso inclui naturalmente crianças, famílias inteiras, pessoas a passear o cão pela trela... Será que as cabeças pensantes responsáveis por este projecto não imaginaram os riscos desta mistura, não se lembraram que por aqui passariam agora até desportistas mais "sérios"? Estão a ver a que velocidade circula, mesmo que em ritmo descontraído, um ciclista de estrada, que está agora teoricamente obrigado a usar a ciclovia? Será boa ideia mistura-lo com um miúdo de 4 anos a aprender a andar de patins?

50cm para ti, 50 cm para mim

Certo domingo passei por ali e ignorei a ciclovia, seguindo pela estrada em direcção ao Guincho. Ia depressa (+ 40km/h) e a ciclovia estava cheia de gente, a pé. Fui intimado a sair da estrada por um automobilista militante, que gesticulava e não parava de apontar para o tapete vermelho à minha direita. Respondi-lhe com a educação que as circunstancias impunham. No fundo, parece ser para isto que serve a "ciclovia", para que os peões e os ciclistas não estorvem a circulação a alta velocidade das vacas sagradas. Estúpido.

Ao fim do dia já tinha acumulado um bom número de travagens forçadas e quase colisões com os peões, que mesmo quando existe um amplo passeio ao lado, parecem preferir o tapete vermelho, talvez como os touros. Mesmo que se grite, que se use a campainha, as pessoas não reagem, parecem estar a dormir. No entanto, depois de te obrigarem a parar, acordam rapidamente, prontas a esgrimir argumentos sobre os seus direitos. A situação repete-se uma e outra vez.

Não serei, de longe, a primeira pessoa a debruçar-me sobre estes assuntos, e há uma divisão enorme entre os ciclistas que apoiam as ciclovias e os que são contra. Embora sensível a ambos argumentos, eu sou teoricamente a favor das vias segregadas, mas não a qualquer preço. (continua)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Novas Rodas




Depois de uns longos dias de espera, a minha nova montada, a fantabulástica "B'twin Riverside 3" chegou finalmente. Fui busca-la de carro ao Decathlon, e acabei por ter bastantes problemas a enfiar este monstro de bicla dentro de um Opel Corsa, acostumado a bicicletas de dimensões bastante mais contidas...


A Riverside 3 posa para a foto


São quase 17 kg de bicicleta, com mais números interessantes, todos eles grandes: rodas de 28 polegadas, quadro de tamanho XL ou aproximadamente 22 polegadas, escoras de 45cm e uma distância entre eixos de 1120mm. O quadro tem um desenho "old school" que faz lembrar as bicicletas de estrada de há uns anos atrás, e é fabricado em alumínio. Existem olhais e apoios para quase tudo o tipo de acessórios, a maioria dos quais vêm já montados. Destaco os guarda-lamas SKS,  as luzes de dínamo, o dínamo de cubo, montado na roda da frente e que oferece pouca resistência, e a grade porta bagagens que integra a luz traseira. O guiador parece ser um misto de guiador de cidade com um sobre elevado, de BTT.


Dínamo de cubo Shimano, baixo atrito.


Grelha incorporada

Protecção de corrente

O avanço regulável


Luz e reflector integrados


Esta bicicleta cumpre o código da estrada em termos de exigências de iluminação para circular de noite. Tem luzes na frente e atrás, reflectores (também frente e traseira), e reflectores nas rodas a todo o diâmetro dos pneus. De resto, tudo funciona como é suposto, os travões v-brake de "marca branca" fazem o que deles se espera, as manetes das mudanças e travões são fáceis de usar, os punhos ergonómicos e o selim confortável ajudam a esquecer que a bicicleta é completamente rígida.

Punhos fofinhos, literalmente


Os primeiro quilómetros com a minha bicla nova, no entanto, foram um pouco desanimadores. Além de haver alguns pormenores da montagem menos bem conseguidos, a posição de condução era estranha, a pedalada transmitia algum desconforto e as mudanças custavam a entrar. Tive que recordar a mim próprio que esta não era uma bicicleta de desporto XPTO, era um modelo utilitário, de gama baixa, e eu devia agir de acordo com essa realidade. Depois de algum bricolage (desempenar roda de trás, endireitar grade, afinar travão atrás, etc) e algumas alterações ergonómicas, como colocar o selim mais recuado, levantar o guiador (graças ao avanço regulável) e passar a meter as mudanças com mais civilidade, as coisas melhoram muito.


Preferia cores discretas (preto!), mas assim também não é mau

Fui com ela às compras, dei umas voltas na minha zona e hoje decidi mesmo ir a Cascais. Foram 12 km pela marginal (e mais uns trocos fora dela) feitos sem grandes problemas. A bicicleta é pesada, não há como nega-lo. As rodas grandes, a transmissão sensível ao uso brusco e o peso geral limitam as acelerações. Mas uma vez em velocidade de cruzeiro, rola-se facilmente e com grande conforto. Com tranquilidade, como diria alguém.

Hoje Cascais, amanhã o mundo!


No regresso dessa deslocação suburbana a Cascais, com carga e tudo (corrente/cadeado grande, roupa, luzes extra, agua, etc...) fiz uma pequena corrida nocturna com a minha namorada, no regresso a casa. Ela estava de carro. Eu perdi por uns 5 minutos, levei ao todo 25 minutos e meio, uma média de mais de 27 km/h, valor que raramente atinjo com uma bicicleta "a sério" no mesmo percurso. Na verdade, eu até cheguei primeiro, porque ela foi guardar o carro na garagem e eu entrei directamente com a Riverside para dentro de casa.

Tudo indica que este vai ser o inicio de uma bela amizade.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Suburbia



Não será o narrador mais eloquente, mas este é um dos discursos mais importantes que já encontrei nas TED talks. Não se fala uma única vez de bicicletas neste vídeo, mas se repararem bem, é como se não se falasse de outra coisa.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Ciclovias de Lisboa



Tive por fim oportunidade, de sair em "patrulha", para verificar o estado da rede de ciclovias que vai surgindo em Lisboa. Curiosamente, este foi um passeio pedestre! Foram cerca de 9 km a percorrer ciclovias, ruas e algumas das principais artérias da capital. Escolhi deslocar-me a pé para melhor poder observar e fotografar os percursos. Tive pena de não poder dar ao pedal, naqueles largos e luxuosos tapetes vermelhos, mas acho que tomei a decisão acertada.



O meu percurso começou perto da Gulbenkian, é impossível não reparar no magnífico tapete vermelho estendido em frente à fundação. Atravessei a estrada, passei em frente à embaixada de Espanha, onde a ciclovia desaparece por uns metros. Segue depois pela avenida Calouste Gulbenkian, longe da estrada, até ao cruzamento com a rua de Campolide. Aqui atravessamos para o outro lado da avenida, onde uns degraus nos levam para a zona superior. Existe uma calha para facilitar o transporte da bicicleta.

Piso fantástico, numa via segregada


Toca a subir escadas, mas ao menos há a calha

Do outro lado da avenida fiz uma descoberta extraordinária. Pelo menos para mim foi uma revelação... Rodeado pelas traseiras de edifícios de escritórios da Av. José Malhoa e das instalações da policia municipal, está um jardim imenso, equipado com todas as amenidades. O estranho era que num espaço comparável aos jardins de Belém, com relvados bem mantidos, árvores, bancos, estacionamento para bicicletas, anfiteatro, etc, não se via uma só pessoa.






Talvez seja bom referir que esta pequena excursão decorreu num sábado. Estamos em Agosto, está muito calor e há pouca gente na cidade, mas mesmo assim, é estranho. Outros espaços públicos deste género estão sempre cheios. Provavelmente poucos conhecerão esta zona.

Daqui para a frente, o ciclista tem duas alternativas. Ou ruma a Oeste, de onde a ciclovia depois segue pela radial de Benfica, ou ruma a Este, até ao Parque Eduardo VII. Eu fui ver os acessos à radial de Benfica, mas segui caminho para o centro.


Presumo que se possa atravessar montado





O separador é um bocado desagradável


Voltando ao misterioso e deserto jardim, podemos atravessar a Av. Calouste Gulbenkian a traves de um belíssimo viaduto ciclo/pedonal, subindo pelo morro a caminho da faculdade de economia da Nova e dos Tribunais. Infelizmente o percurso acaba depressa, antes do jardim Amália Rodrigues. Nos cruzamentos, a câmara colocou painéis informativos, mas dos percursos indicados nos mapas, muitos ainda não existem.


Não está mal, não senhor.


Vista do lado contrário


Será que os empregados do banco usam a ciclovia?

Um belo percurso, mas relativamente limitado dentro da cidade. Fica a ideia destas ciclovias terem sido criadas mais como zonas de lazer que verdadeiras vias utilitárias para bicicletas. Já era essa impressão que tirei da zona de Belém, como comentei não há muito tempo. Não que eu desgoste dos jardins, bebedouros e bancos, mas acho que era mais importantes que as ciclovias chegassem efectivamente aos sítios onde as pessoas querem ir.


Jardim Amália Rodrigues? E agora?


Fui a pé até ao Arco do Cego, na busca de obras de uma futura ciclovia que lá há de passar, a acreditar nos mapas. Não vi nada. Fui até à Av. de Roma pelos mesmos motivos, mas com os mesmos resultados. Sabia que na Av. do Brasil encontraria um troço de ciclovia, mas os meus pés já não aguentavam esse percurso. Fui até ao campo grande, onde ainda podemos encontrar um percurso ciclável claramente recreativo.




O mapa é um exercício de futurologia
 



O pavimento lisboeta mete medo ao susto


Campo grande


Nas minhas deambulações pela cidade, passei por locais que deverão ser agraciados com percursos contínuos de ciclovia "em breve", a acreditar nos mapas. Alguns desses locais são por exemplo:



Praça de Londres


Instituto Superior Técnico

Este foi um primeiro reconhecimento, ficou muito por ver nesta volta. Há informação na net sobre percursos de ciclovias em Lisboa, mas muitos desses dados são confusos, como a própria rede existente no terreno. Recomendo talvez o visionamento deste vídeo, a consulta deste site e deste mapa.