quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Gasolina a 1,5 Eur! E agora?


O Drama, a tragédia...

"Humanity's way of life is on a collision course with geology - with the stark fact that the Earth holds a finite supply of oil."


Sempre que o preço dos combustíveis sobe de maneira mais evidente, a comunicação social apressa-se a fazer eco das queixas e lamurias dos automobilistas revoltados, que não compreendem o porquê da situação.

Esta semana o preço da gasolina estabeleceu novos recordes em Portugal e as TV's voltaram a fazer as peças do costume, ensaiando algumas explicações, mas sempre dando imenso tempo de antena a umas pobres almas pouco esclarecidas, a quem parece que o mundo ira desabar se tiverem que sentar o rabo num qualquer transporte público. A RTP esteve especialmente infeliz, ao fechar a sua reportagem com umas perguntas feitas em tom jocoso a um ciclista, que tinha ar de sem abrigo. Todo um cliché de preconceitos. 

Senhor Zé do Volante, senhores jornalistas, tentem interiorizar estas noções extremamente simples:

- O petróleo é finito.
- Cada vez se descobrem menos poços novos.
- Cada vez gastamos mais petróleo, a nível mundial.

O que é que acontece ao valor de uma substância que escasseia mas tem muita procura? Sobe? Desce?
Sobe muito?? As pessoas preocupam-se com pormenores, se a culpa é da Galp, se a culpa é dos especuladores, dos mercados, se é dos Árabes...O que é que isso interessa? Os combustíveis aumentaram e vão continuar a aumentar. É inevitável. Vivam com isso.

Se pararem de procurar bodes expiatórios, talvez as pessoas percebam que estão viciadas num estilo de vida baseado no consumo de um produto caro, cada vez mais raro e que provem de paragens longínquas. Dá-se o caso de que esse estilo de vida também arruinou os nossos centros urbanos e originou problemas ambientais que só agora começamos a compreender. Eu por enquanto não vejo ninguém a usar menos o carro, nem sequer a circular a velocidades menos assassinas, coisa que só por si já poupava uns cobres, para não dizer vidas.

Por isso eu digo, que venha a gasolina a 5 Eur por litro! Talvez seja isso que leve alguns a finalmente pensarem em alternativas sustentáveis, ecológicas e baratas. E com muito mais qualidade de vida.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Em campanha



Este vídeo não será o mais eficaz a passar a mensagem, a julgar pelos comentários, mas mostra pelo menos que existe a preocupação, noutras paragens, de alertar para a presença de ciclistas na estrada. Sempre que me deparo com alguma campanha de sensibilização deste género, sou recordado do facto de que em Portugal, a prevenção rodoviária é coisa que há muito não existe.

Dir-se-ia que nos últimos anos (ou décadas) o estado português abdicou por completo de qualquer tipo de esforço para educar, alertar ou influenciar os comportamentos nas nossas estradas. Apesar de investimentos massivos em novas vias, sobretudo auto-estradas, e da melhoria substancial da qualidade do parque automóvel, os portugueses continuam a conduzir muito mal e a matar-se em grandes números. Muitas destas modernas vítimas são peões e motociclistas, ou seja, aqueles que não andam permanentemente com uma armadura de metal à sua volta. Os ciclistas fazem também parte deste grupo e, à medida que os seus números aumentam e o comportamento agressivo e displicente dos automobilistas não se altera, que poderemos esperar das estatísticas no futuro?

Não há muito tempo escrevi à ANSR, a actual entidade oficial com competências na matéria. Queria saber se tinham alguma campanha prevista ou em curso que visasse a utilização dos modos suaves. A resposta, que tardou meses, foi elucidativa: não só não tinham nada previsto, como pareciam achar a ideia descabida.

E no entanto, a ideia não parece descabida em países europeus que apresentam números de sinistralidade bem menos vergonhosos do que os nossos. Até fora do espaço comunitário há bons exemplos a seguir, como esta campanha de Singapura, promovida por privados:

Boas ideias do Oriente

Não seria este o tema que desejaria para o primeiro post de 2011, mas não é ignorando os problemas que alguma vez os vamos resolver. Neste ponto, e só neste ponto, tenho de concordar com o ReichFüher Barbosa, o estado parece que se demitiu completamente das suas responsabilidades em matéria de segurança rodoviária. Por um lado fala-se muito em mobilidade sustentável, por outro lado tudo o que o estado faz é encerrar caminhos de ferro, construir auto-estradas e vias rápidas e fechar constantemente os olhos às transgressões dos automobilistas. Também neste capitulo estamos a divergir dos nossos parceiros europeus.

Se não podemos contar com o estado, talvez devam ser os privados a organizar campanhas de sensibilização como a singapurense. Afinal, quantos automobilistas realmente sabem os perigos a que estão a expor um ciclista quando, por exemplo, o ultrapassam sem deixarem uma margem segura? Há muita ignorância na estrada, além da má vontade.

As organizações com os conhecimentos e a vontade necessária existem, como a FPCUB. Já pagaram as cotas deste ano?