sábado, 11 de fevereiro de 2012

O Estado da Nação, Murcão!

Pois é. Long Time No See. E entretanto o que aconteceu? "Diz que" agora as bicicletas estão na moda! Em plena crise, ele é lojas novas, ele é jornais e revistas especializadas, debates no parlamento, novas marcas de bicicletas, estudos académicos, desafios audace e todo o tipo de eventos que celebram em Portugal o mais eficiente veículo alguma vez concebido.    

Será?

Me Like!!

Parece que sim. Com a inauguração da Velo Culture, em Matosinhos, o pequeno país à beira mar plantado não ganhou só mais uma nova loja de bicicletas. Trata-se de uma aposta diferente das nossas tradicionais lojas de ciclismo-desporto-brinquedo. Aqui não se promove o último grito em crabono para o guerreiro de fim de semana. O que há são várias marcas de bicicletas utilitárias de qualidade, bem como roupa e acessórios para o ciclista urbano connoiceur. No meio da crise vem esta bofetada de ar fresco na Cycle Scene Portuguesa. Toma.

E falando em Cycle Scene, (existe, não existe, como é?)  um projecto com pelo menos um denominador em comum com a loja do mercado de Matosinhos é a revista B - Cultura de Bicicleta, mais uma aposta arriscada em tempo de vacas magras, que vem trazer um olhar editorial completamente diferente ao que estávamos acostumados. A julgar pela qualidade da revista irmã e pelo curriculum dos protagonistas desta iniciativa, só se podem esperar grandes coisas desta nova publicação.

Há revistas e há revistas, e depois e há a "B"

Recorde-se que, embora não concorrendo directamente com a "B", este é um segmento de mercado  já povoado pela amada-odiada Bike Magazine, a competente e quase única Ciclismo a Fundo, e a grátis-ou-de-borla Free Bike. Na mesma onda da "B" temos agora também o jornal Pedal. Há depois algumas publicações on-line, enquanto pela net se multiplicam sites e fóruns. De repente parece que toda a gente anda de bicicleta!  


Generais do Exército reclamam BMW's de cilindrada superior!

Entretanto, no nosso parlamento (peço desculpa por baixar, ainda mais, o nível desta narrativa) enquanto se vai discutindo quantos furos tem o cinto e até onde ele pode ser apertado, os nossos representantes eleitos ainda têm tempo para apreciar documentos referentes à bicicleta! Rejubilemos!! É claro que, seguindo a lógica da instituição, propostas de partidos minoritários sobre estas temática foram rejeitados e aprovado em vez deles um projecto dos partidos da maioria parlamentar. E propõe exactamente o quê esse projecto? Bom, na verdade não faço ideia. Não percebo parlamentarês. É uma deficiência genética minha. Mas a FPCUB, que tem estado envolvida neste processo, parece que percebe. E eles gostam (Likam, para aqueles de vós com menos de 21 anos).

Sinceramente, a mim não sei se me chega um "prometemos-não-se-sabe-bem-quando-talvez-pensar-genericamente-nesse-tal-assunto-que-vos-preocupa". Isto vindo da malta que desmente categoricamente hoje o que ontem estava gravado em pedra, não me transmite muita segurança. Digo eu...

Corrente branca, sem mudanças e sem travões. O que é que pode correr mal?

E falando em coisas que não transmitem confiança, não vamos esquecer a nova marca de bicicletas portuguesa!!! Não, não estou a falar mal dos rapazes, que ainda agora começaram. É que o que eles vendem são "fixies", um tipo de bicicleta semi-utilitária que eu tenho tantas dificuldades em compreender como elas têm em parar. Mas lá que são giras, são. Bicicletas "Dry Drill", com um nome desses e um site integralmente em Inglês, parece haver uma aposta clara na internacionalização. Afinal, nem toda a gente ignora o Passos Coelho.


Vacaciones?

A propósito de internacionalização, parece que um tipo qualquer com nome de aparelho de registo de consumo de água meteu-se em problemas por causa de um bife que comeu à quase dois anos. (Eu sei que soa rebuscado, mas foi isso que ouvi!). "Diz" que ele não vai poder participar numa tal Volta à França em Carros Coloridos, evento que tem lugar todos os Verões na terra dos apreciadores de caracoletas e na qual os ciclistas são um atractivo de importância razoável: devem tentar acompanhar todos os popós, em número muito superior, enquanto estes lhes gritam, empurram e às vezes atiram ao chão. Um pouco como em Lisboa portanto.

Joshua Hon e uma das suas criações

In other news, talvez tenha passado desapercebida por cá a Revolta na Dahonlândia. Não ouviram dizer? Cheguem mais perto que eu conto... Acontece que o filho do fundador da conceituada marca de bicicletas dobráveis para snobs (e o ocasional ciclista utilitário), resolveu deixar a empresa onde também trabalhava e criar a sua própria marca. Diz o Hon Jr. que as Dahon tinham (têm?!) problemas de fiabilidade e qualidade que não estavam a conseguir resolver, e, frustrado, saiu para tentar uma abordagem nova com os seus próprios modelos. Com ele levou muitos funcionários e know-how da casa fundada pelo pai. Este assunto já fez correr muita tinta e ainda há de encher os bolsos a muitos advogados antes da poeira assentar. Entretanto a nova Tern Bicycles tem uma gama completa de modelos muito interessantes e uma filosofia que vai alem do negócio. Bem vindos sejam.

E sobreviveram para contar!

Por fim, já alguma vez se puseram a pensar sobre aquilo que os estrangeiros dizem do nosso país no que toca ao uso da bicicleta? Recentemente fiquei intrigado pelo relato de uma volta a Portugal feita por um casal de reformados canadianos. Eles podiam escolher qualquer país do mundo para viajar, para conhecerem pedalando as suas belas bicicletas dobráveis. Escolheram Portugal. Apesar de impiedosamente atropelados numa rotunda em Coimbra, o saldo final, segundo eles, é muito positivo.

E assim acontece. A revolução está em curso, mas não passa na televisão. Pelo menos na TV Guia não vem nada.

2 comentários:

  1. Sim senhor muitos parabéns pela critica, excelente para mim, gostei de lêr.
    Um abraço

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  2. Excelente regresso à escrita!
    Nada melhor que um apanhado dessa revolução que por aí circula!!
    Extraordinário!!!
    Então e já és colaborador da B?? :)

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