quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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Há mais sinais destes do que daqueles azuis...
 
O estado prepara-se para reduzir os investimentos em transportes públicos. Era sabido desde a aprovação do orçamento de 2011 que essa era uma inevitabilidade. Surgem agora os pormenores que procuram justificar os cortes.

Que as empresas de transportes públicos costumam andar no vermelho, não será novidade. Depois há a opinião, para alguns dominante, de que os portugueses não se interessam pelos transportes públicos. Como tal, em tempo de crise, não se justifica esse fardo do estado, para satisfazer, aparentemente, apenas uns quantos tótós que não conseguiram tirar a carta. Assim, o executivo parece ter o machado na mão e prepara-se para cortar a diestro y siniestro no sector dos transportes. Os públicos, claro.

Segunda esta noticia, serão "privilegiadas" as carreiras que têm uma oferta sobre-dimensionada. Não fazia ideia que existia sobre-oferta de transportes. Mas pelos vistos há. Por exemplo, o governo parece achar que existe demasiada oferta no Metro Sul do Tejo. E vai cortar. Conheço muitas reclamações em relação ao metro da outra banda, mas são coisas que têm a ver com o percurso e regularidade das composições. Se o estado e a autarquia estavam à espera de mais clientela para o metro, se calhar deveria ter apostado num percurso que realmente servisse as pessoas. Assim o que temos é que os utentes não estão satisfeitos, a empresa não está satisfeita e acumula prejuízos, as pessoas continuam a usar o carro e agora chegam os cortes.

Um pouco como a situação da CP, mais uma das contempladas com futuras machadas governamentais. Depois anos de desinvestimento, depois de anos a ser governada por babuínos, a empresa está na mira do estado para mais cortes, naturalmente por causa da crise. Na realidade e ainda segundo a noticia do Público, o governo pretende que as empresas de transportes, de capitais públicos, reduzam em 15% os seus custos operacionais no próximo ano.

Tudo isto me interessa, mas não está ligado directamente com o que nos ocupa aqui. Acontece que ao ler estas noticias, não pude deixar de pensar nas críticas que já ouvi, feitas à CML, pelas verbas gastas nas ciclovias que pouca gente usa. Ora pseudo-ciclovias feitas em cima dos passeios, não estando unidas em rede, não chegando aos pontos importantes da cidade, são pouco mais que ornamentais. Mas fornecem a desculpa, a mesma dos transportes públicos, para evitar mais despesas de futuro, porque afinal, a coisa já foi tentada e as pessoas não aderiram.

Este é o verdadeiro perigo dos passeios glamourosamente pintados de vermelho, onde quase só circulam peões. O de servirem de desculpa. Para nunca se chegar a fazer a obra a sério.

Esquecendo um pouco o lado negro da força, foi hoje também noticia a votação de um novo PDM para a cidade de Lisboa. Tudo indica que será viabilizado. Como sempre, as informações são escassas, fala-se em mais áreas pedonais e mais zonas verdes. Tenho esperança que assim seja e que este novo documento venha a conter a proliferação descontrolada do betão e do asfalto na cidade. Nem tudo pode ser mau.

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