A foto é minha, a bicla nem por isso |
Então, estão bons? Fui ali comprar tabaco, mas fiquei um bocado indeciso, afinal há muitas marcas, aquilo faz mal à saúde e com o imposto ainda custa dinheiro. Acabei por não trazer nada. Mas já cá estou. E regresso com um dos temas fracturantes da comunidade: um "bike fit" serve ou não para alguma coisa?
Desde já esclareço que não tenho grandes respostas, esse tipo de serviço público deixo para outros. Mas a minha questão surge de ter metido na cabeça que ia participar no Troia-Sagres deste ano. E mesmo sem ter treinado absolutamente nada (o próprio conceito de treino é um bocado incompatível com a minha ideologia utilitária) achei que seria engraçado levar a minha bicicleta do Cretáceo Superior para tornar as coisas interessantes.
"eu como crábono ao pequeno almoço" |
O problema é que a velha Raleigh sempre foi um bocado grande para mim (ou será que não?) e tenho dificuldade em sentir-me confortável aos comandos por períodos prolongados e distâncias maiores. Nunca tinha perdido muito tempo a afinar a bicla para a minha envergadura, limitei-me a fazer uns ajustes aqui e ali e toca a rolar. Desta vez resolvi ser um pouco mais metódico.
Várias empresas oferecem entre nós este serviço |
Como não queria pagar mais dinheiro do que vale a bicicleta num bike-fit profissional, fiz uma pesquisa e usei os dados de uma das calculadoras automáticas que encontrei online. Depois de inserir todas as minhas medidas, do antebraço ao número dos sapatos e do esterno ao escroto (e o trunk, já mediram o vosso trunk?), fiquei com o intervalo de tamanhos para as principais dimensões da minha bicicleta de estrada. A primeira surpresa foi de que a minha bicla não é demasiado grande para mim! Parece que nos anos oitenta eles não eram adeptos de mexer muito nos quadros consoante o tamanho. Basicamente a minha bicla é mais alta, o resto pouco muda. Assim, se o meu tubo do selim mede 63cm, o tubo superior mede uns 58 civilizados centimetros, aparentemente adequados à minha envergadura. O mesmo verifiquei para o tamanho do avanço e demais proporções básicas.
Fácil e de borla. Mas e se não bater tudo certo? |
Fixe! Mas quando chego à parte da distância da ponta do selim ao guiador, dá que o tenho que recuar um bocado. E faz sentido, o selim está de facto algo para a frente. Acontece que quando faço isso, o ângulo dos joelhos com o eixo do pedal fica demasiado atrasado. O que é mau. Raios, e agora?
Se calhar agora dava jeito ter acesso a um daqueles especialistas e seus serviços dispendiosos. Mas sendo assim tive que fazer a coisa a olho, chegar a um compromisso. Nem a posição dos joelhos ficou perfeita, nem a distância do selim ao guiador. Basicamente não ficou muito diferente de como estava tudo antes. Será que é a bike que está mal desenhada? Ou sou eu?
Não sei nem tenho tempo de descobrir. O Tróia-Sagres, essa Meca do ciclismo de inverno em Portugal, é já este sábado. Podia levar a BTT com pneus de estrada, como manda a tradição, mas isso seria demasiado fácil. Ou será difícil? Embora pese tanto como um Renault Clio e tenha quase a idade do Mário Soares, a minha Raleigh é afinal de contas uma bicicleta de estrada. E isso deveria tornar os 202 km do percurso mais acessíveis. Esta é aliás uma distância inédita para mim, mas até conheço parte do percurso e já me aproximei dessa marca uma vez.
É já ali. |
A questão que se levanta são na verdade duas: pode um tipo normal, sem qualquer preparação prévia, pedalar 200 km num dia? E fazê-lo numa bicicleta com mais de 30 anos que não lhe encaixa particularmente bem? Eu acho que sim. Respostas definitivas em breve.
Como alinhaste as alavancas dos pedais? Paralelas ao chão? Se sim é a ponta do joelho que deve estar aprumada com o eixo do pedal (tolerância de 5mm para a frente o para trás. Podes é ter as alavancas mais compridas que o que devias. Ou tens de por um avanço mais comprido para aumentar essa a distância sem descurar o prumo joelho-eixo do pedal.
ResponderEliminarExacto, com os cranks paralelos ao chão o joelho alinha ligeiramente atrás do eixo do pedal.São alavancas de tamanho 170mm, o que é demasiado pequeno para mim, mas já usei essa medida antes sem problemas na afinação da posição. Não queria mexer no avanço, que afinal parece ser do tamanho certo, e não queria mudar os cranks, pois são dos anos oitenta e brancos, um visual difícil de repetir : )
EliminarEna, ena, o Lisboabike volta a mexer!!! :D
ResponderEliminarDeixas-te aqui a plateia pendurada pá!... Fiquei contente com o regresso :)
E logo com um tema que também tanto me interessa. Também tenho andado pela net a tentar aprender um pouco sobre o assunto (bike fit). Já percebi que para além dos conceitos habituais é fundamental "escutarmos" também o nosso corpo. Eu por exemplo, devido a um encurtamento dos tendões tenho que usar o tubo do selim 1,5cm mais baixo do que a medida recomendada para a minha altura pois caso contrário esforço o tendão na zona exterior do joelho e provoco tendinites. Para quem tenha pouca flexibilidade ou problemas na zona dorsal também é preferível um "top-tube" ligeiramente mais curto (ou avanço curto). Mudei o avanço da minha estradeira e o impacto conseguido na posição foi muito bom!
Em relação à tua raleigh só não percebi porque é que mudar o avanço não é opção. Com uma mudança no avanço isso não ficava a 100% (teóricamente?) Os joelhos desalinhados não são bom preságio para longas distãncias...
Eu também me estriei à pouco tempo numa volta de 200km e também sem qualquer treino especifico. Só as voltinhas quotidianas. A falta de preparação fez-se sentir mas nada de muito complicado. Deixei uma crónica desse passeio aqui:
http://biclasblog.blogspot.pt/2013/10/o-meu-primeiro-brevet.html
Já agora, fica também o convite para conheceres o meu blog.
Abraço e boas pedaladas!
Júlio
Bessa, estás vivo ?!? :-)
ResponderEliminarA malta gosta de te ler, vai dando notícias e boa sorte para o Tróia -Sagres.
Abraço,
Vasco
Vasco: Estou vivo! Quer dizer, hoje acho que estou só 53% vivo...
ResponderEliminarJúlio: conheço o teu blog e sigo os teus posts com interesse já há algum tempo. Até deves ter alguma culpa nisto deu voltar a escrever aqui e no facto de eu achar quase normal pedalar 200km de uma vez : )
Boa essa dica da flexibilidade, eu realmente sou mais rijo e hirto que uma barra de ferro, e isso provavelmente deveria entrar para a equação do bike fit. Assim já não tenho a certeza outra vez que o avanço que tenho seja do melhor tamanho. É tempo de fazer experimentações...
Um abraço para os dois!
Parece-me que passei por ti ontem no Tróia-Sagres. Essa bicicleta sobressai! :) Correu tudo bem?
ResponderEliminarÉ possível! Passou muita gente por mim, eu é que não passei por muitos : ) Está uma posta a sair do forno com a narrativa, mas basicamente, sim!
ResponderEliminarAbraço