quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Na medida certa

A foto é minha, a bicla nem por isso

Então, estão bons? Fui ali comprar tabaco, mas fiquei um bocado indeciso, afinal há muitas marcas, aquilo faz mal à saúde e com o imposto ainda custa dinheiro. Acabei por não trazer nada. Mas já cá estou. E regresso com um dos temas fracturantes da comunidade: um "bike fit" serve ou não para alguma coisa?
 
Desde já esclareço que não tenho grandes respostas, esse tipo de serviço público deixo para outros. Mas a minha questão surge de ter metido na cabeça que ia participar no Troia-Sagres deste ano. E mesmo sem ter treinado absolutamente nada (o próprio conceito de treino é um bocado incompatível com a minha ideologia utilitária) achei que seria engraçado levar a minha bicicleta do Cretáceo Superior para tornar as coisas interessantes.

"eu como crábono ao pequeno almoço"

O problema é que a velha Raleigh sempre foi um bocado grande para mim (ou será que não?) e tenho dificuldade em sentir-me confortável aos comandos por períodos prolongados e distâncias maiores. Nunca tinha perdido muito tempo a afinar a bicla para a minha envergadura, limitei-me a fazer uns ajustes aqui e ali e toca a rolar. Desta vez resolvi ser um pouco mais metódico.

Várias empresas oferecem entre nós este serviço

Como não queria pagar mais dinheiro do que vale a bicicleta num bike-fit profissional, fiz uma pesquisa e usei os dados de uma das calculadoras automáticas que encontrei online. Depois de inserir todas as minhas medidas, do antebraço ao número dos sapatos e do esterno ao escroto (e o trunk, já mediram o vosso trunk?), fiquei com o intervalo de tamanhos para as principais dimensões da minha bicicleta de estrada. A primeira surpresa foi de que a minha bicla não é demasiado grande para mim! Parece que nos anos oitenta eles não eram adeptos de mexer muito nos quadros consoante o tamanho. Basicamente a minha bicla é mais alta, o resto pouco muda. Assim, se o meu tubo do selim mede 63cm, o tubo superior mede uns 58 civilizados centimetros, aparentemente adequados à minha envergadura. O mesmo verifiquei para o tamanho do avanço e demais proporções básicas.

Fácil e de borla. Mas e se não bater tudo certo?

Fixe! Mas quando chego à parte da distância da ponta do selim ao guiador, dá que o tenho que recuar um bocado. E faz sentido, o selim está de facto algo para a frente. Acontece que quando faço isso, o ângulo dos joelhos com o eixo do pedal fica demasiado atrasado. O que é mau. Raios, e agora?   



Se calhar agora dava jeito ter acesso a um daqueles especialistas e seus serviços dispendiosos. Mas sendo assim tive que fazer a coisa a olho, chegar a um compromisso. Nem a posição dos joelhos ficou perfeita, nem a distância do selim ao guiador. Basicamente não ficou muito diferente de como estava tudo antes. Será que é a bike que está mal desenhada? Ou sou eu?

Não sei nem tenho tempo de descobrir. O Tróia-Sagres, essa Meca do ciclismo de inverno em Portugal, é já este sábado. Podia levar a BTT com pneus de estrada, como manda a tradição, mas isso seria demasiado fácil. Ou será difícil? Embora pese tanto como um Renault Clio e tenha quase a idade do Mário Soares, a minha Raleigh é afinal de contas uma bicicleta de estrada. E isso deveria tornar os 202 km do percurso mais acessíveis. Esta é aliás uma distância inédita para mim, mas até conheço parte do percurso e já me aproximei dessa marca uma vez.

É já ali.

A questão que se levanta são na verdade duas: pode um tipo normal, sem qualquer preparação prévia, pedalar 200 km num dia? E fazê-lo numa bicicleta com mais de 30 anos que não lhe encaixa particularmente bem? Eu acho que sim. Respostas definitivas em breve. 

7 comentários:

  1. Como alinhaste as alavancas dos pedais? Paralelas ao chão? Se sim é a ponta do joelho que deve estar aprumada com o eixo do pedal (tolerância de 5mm para a frente o para trás. Podes é ter as alavancas mais compridas que o que devias. Ou tens de por um avanço mais comprido para aumentar essa a distância sem descurar o prumo joelho-eixo do pedal.

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    1. Exacto, com os cranks paralelos ao chão o joelho alinha ligeiramente atrás do eixo do pedal.São alavancas de tamanho 170mm, o que é demasiado pequeno para mim, mas já usei essa medida antes sem problemas na afinação da posição. Não queria mexer no avanço, que afinal parece ser do tamanho certo, e não queria mudar os cranks, pois são dos anos oitenta e brancos, um visual difícil de repetir : )

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  2. Ena, ena, o Lisboabike volta a mexer!!! :D
    Deixas-te aqui a plateia pendurada pá!... Fiquei contente com o regresso :)
    E logo com um tema que também tanto me interessa. Também tenho andado pela net a tentar aprender um pouco sobre o assunto (bike fit). Já percebi que para além dos conceitos habituais é fundamental "escutarmos" também o nosso corpo. Eu por exemplo, devido a um encurtamento dos tendões tenho que usar o tubo do selim 1,5cm mais baixo do que a medida recomendada para a minha altura pois caso contrário esforço o tendão na zona exterior do joelho e provoco tendinites. Para quem tenha pouca flexibilidade ou problemas na zona dorsal também é preferível um "top-tube" ligeiramente mais curto (ou avanço curto). Mudei o avanço da minha estradeira e o impacto conseguido na posição foi muito bom!
    Em relação à tua raleigh só não percebi porque é que mudar o avanço não é opção. Com uma mudança no avanço isso não ficava a 100% (teóricamente?) Os joelhos desalinhados não são bom preságio para longas distãncias...
    Eu também me estriei à pouco tempo numa volta de 200km e também sem qualquer treino especifico. Só as voltinhas quotidianas. A falta de preparação fez-se sentir mas nada de muito complicado. Deixei uma crónica desse passeio aqui:
    http://biclasblog.blogspot.pt/2013/10/o-meu-primeiro-brevet.html
    Já agora, fica também o convite para conheceres o meu blog.
    Abraço e boas pedaladas!
    Júlio

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  3. Bessa, estás vivo ?!? :-)
    A malta gosta de te ler, vai dando notícias e boa sorte para o Tróia -Sagres.

    Abraço,
    Vasco


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  4. Vasco: Estou vivo! Quer dizer, hoje acho que estou só 53% vivo...

    Júlio: conheço o teu blog e sigo os teus posts com interesse já há algum tempo. Até deves ter alguma culpa nisto deu voltar a escrever aqui e no facto de eu achar quase normal pedalar 200km de uma vez : )
    Boa essa dica da flexibilidade, eu realmente sou mais rijo e hirto que uma barra de ferro, e isso provavelmente deveria entrar para a equação do bike fit. Assim já não tenho a certeza outra vez que o avanço que tenho seja do melhor tamanho. É tempo de fazer experimentações...

    Um abraço para os dois!

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  5. Parece-me que passei por ti ontem no Tróia-Sagres. Essa bicicleta sobressai! :) Correu tudo bem?

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  6. É possível! Passou muita gente por mim, eu é que não passei por muitos : ) Está uma posta a sair do forno com a narrativa, mas basicamente, sim!

    Abraço

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