terça-feira, 23 de agosto de 2011

A FrankenBicla

Os anos passam, a ferrugem fica
 
Parada há anos, sem conseguir competir com as máquinas mais modernas da frota, a primeira bicicleta da co-habitante ganhava ferrugem no terraço. Veterana de duas décadas de bons serviços e mil e uma aventuras de infância e juventude, a velha bicicleta de BTT, comprada no Jumbo de Cascais quando Mário Soares era ainda presidente da república, merecia uma reforma mais digna.

Mãos à obra

Muitas vezes se discutiu cá em casa o destino a dar a velha Bike Queen. Coloca-la num contentor para África, entrega-la num ferro velho, simplesmente deixa-la sem cadeado no estacionamento de biclas de onde tudo desaparece, eram hipóteses em aberto.

No fim, a nostalgia falou mais alto e um ambicioso projecto de recuperação foi posto em prática pela co-habitante, com alguma ajuda técnica (e de força bruta) da minha parte. A bicicleta estava já há alguns anos transformada em single-speed. Assim, as alterações requeridas para a colocar de novo na estrada não eram muitas, mas a lista foi complementada com novos requisitos. A saber:

  • Nova corrente
  • Garfo novo, com apoios para v-brake
  • Espigão de selim mais longo
  • Travão v-brake na frente
  • Pneus novos
  • Punhos novos
  • Pedais novos

O único material verdadeiramente novo
É claro que acabámos por recorrer ao vasto stock de material usado que atafulha abunda cá em casa e as únicas peças realmente novas que usámos foram o espigão de selim mais longo e o garfo. Ambas as peças foram adquiridas após longa busca nas catacumbas dos Armazéns Airaf, a mítica loja de bicicletas lisboeta que parou no tempo no dia do atentado ao presidente Reagan.

O travão de trás ficou como estava.
 
A seguir a retirar ferrugem das rodas e do quadro e olear tudo o que mexe, a melhoria do sistema de travagem era uma das principais prioridades, já que os travões de origem eram mais "abrandadores" que outra coisa. O resultado final não convenceu: tenho que arranjar uma manete nova para a travagem ser mais progressiva. Apesar de ainda ser um work in progress, a FrankenBicla esta apta a ser usada em deslocações curtas e não carece do uso de cadeados de 10 kg para a menter longe das manapulas dos amigos do alheio. 

Eis o resultado final, em toda a sua (escassa) glória:

Medo. FrankenBicla pronta para mais 20 anos de serviço

Talvez não se perceba, mas a FrankenBicla mete medo. Eu pelo menos fiquei aterrorizado quando fui dar uma volta com ela: a direcção tem vontade própria, os travões ou não fazem nada ou bloqueiam de repente, há umas folgas assustadoras nos cubos das rodas, etc, etc, etc. Mas ninguém pode dizer que a bicla não tem personalidade. E a co-habitante está satisfeita, e acho que isso é tudo o que interessa.

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