segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ideias para a crise, Sr. Antonio Costa

Agora que parece que já não vai ser preciso esperar pelo dia 21 de Dezembro de 2012 para testemunhar-mos o fim do mundo, talvez pareça descabido continuar a insistir em propostas para reforma dos modelos de mobilidade da cidade de Lisboa, nomeadamente no que toca aos modos suaves. Não só as pessoas têm mais com que se preocupar, como a construção de ciclovias e outras medidas são muitas vezes vistas como luxos dispendiosos, ideias a colocar na gaveta até que melhores tempos surjam.

Eu discordo. (Mas isso vocês já sabiam...)

Luxo é ter uma cidade completamente dominada pelo automóvel. Que eu saiba, os veículos automóveis que circulam nas nossas estradas são na sua imensa maioria importados. São movidos por combustíveis não renováveis, caros e importados na sua totalidade de países distantes. Os custos para manter uma enorme rede viária para todos estes popós são astronómicos, tal como é astronómico o custo ambiental que vamos pagando aos poucos,  na forma de cancros e doenças respiratórias. Já para não falar dos custos em tratamentos médicos para os feridos nos milhares de acidentes anuais (Nem vou falar em mortos).

Como pode então uma ciclovia ser cara? Apenas na perspectiva de que ninguém a vai usar e que é o asfalto, que são as ruas e avenidas, elas sim, imprescindíveis para o enorme tráfego de pessoas e bens da capital. Bom, a CML tem duas hipóteses: ou promove a construção de ciclovias à séria, ou promove medidas que restrinjam fortemente não só as velocidades praticadas como o próprio uso do automóvel na capital, possibilitando que as ruas se tornem minimamente seguras para os ciclistas. Idealmente, faria as duas coisas.

Como os técnicos da CML parecem perceber tanto de Ciclovias como o Alberto João Jardim percebe de democracia, aqui ficam só umas dicas:



Repare Sr.Costa:

  • Como a ciclovia está efectivamente segregada, tanto da estrada como do passeio. Não está encima do passeio e está devidamente protegida do trânsito automóvel.

  • Como a largura é razoável, para permitir ultrapassagens e permitir o uso por veículos eventualmente mais largos que a bici normal, Cargo-Bikes, por exemplo.

  • Como não existem paragens e cruzamentos de 20 em 20 metros, que obrigem o ciclista a parar e desmontar constantemente. 

  •  Como não é possível nesta configuração um ciclista ser atingido pela porta de um veiculo estacionado. 

  • Como o piso é liso e uniforme, sem carris de eléctrico, sem pedras soltas ou caixotes do lixo.



    Como diz, Sr. Costa? Não há espaço nas avenidas Lisboetas para algo deste género? Claro que há. Basta começar a remover faixas de rodagem e lugares de estacionamento dos popós! Como? Isso ia criar engarrafamentos e problemas? Claro que sim! Mas só até as pessoas começarem a usar a bicicleta e os transportes públicos, que são eficientes, económicos e podem ser fabricados localmente.


    Falando em transportes públicos, que tal um autocarro 100% eléctrico e com capacidade de transporte de bicicletas. Pois é, essas coisas existem, e não é só nos eco-motivados países do norte da Europa. Este bicho é Norte-Americano:



    Senhores da CML, escusam de enviar e-mails de agradecimento, já tenho a caixa cheia. Mas podem contar comigo para mais sugestões. Pior que o Nunes da Silva não posso ser.

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