Cycle Chic? Sem alforges? É um homem? Hum... |
Alguns conselhos pouco convencionais, embora não totalmente originais, para circular em segurança na cidade de Lisboa. Se estiver à procura de dicas mais tradicionais, experimente ler por exemplo estas, e também estas. Mas para circular em segurança deve ter em conta alguns factores menos citados:
- STATUS. Como toda a gente sabe, o português médio liga muito ao seu estatuto na hierarquia social, ou pelo menos à imagem que projecta, tentando parecer o mais possível pertencer a um nível elevado na cadeia alimentar. Assim, se for bem vestido/a quando circular de bicicleta, tem mais possibilidades de ser respeitado nas ruas. As ultrapassagens são feitas com maior distância de segurança e a velocidades mais reduzidas. Ninguém quer provocar um acidente com um tipo importante. Excêntrico, mas importante. Desconfio que toda a malta do Cycle Chic já sabe disto à muito tempo, tal como o Paulo Guerra dos Santos.
- MACHISMO. O português é um refinado machista do Sul da Europa. Isso levanta algumas questões, mas o que se quer são soluções, não problemas. Assim, o melhor que tem a fazer é ser mulher. Tem logo direito a um bocado mais de tolerância por parte do automobilista de bigode farto e pelo na venta. Uma mulher de bicicleta na estrada é visto como uma anomalia, para a qual bem se pode perder algum tempo, para análise e estudo. Análise do fenómeno em si e estudo das formas femininas, bem entendido.
- AMOR À VACA. A paixão avassaladora que assola à décadas a sociedade portuguesa pela sua amante de 4 rodas, a vaca sagrada, pode ser usada a nosso favor. Em vez de suportar razias sucessivas por parte dos automobilistas, nas costumeiras ultrapassagens "chega pra lá", experimente levar os alforges bem cheios, principalmente o do lado esquerdo. Não só tornam a bicicleta mais visível, como garantem uma maior distância lateral de segurança por parte dos Schumachers cá do burgo. Não é que o problema fosse falta de visibilidade, é que eles têm medo de riscar a tinta ao bólide.
E assim acontece, o Lisboa Bike a contribuir de forma decisiva para a segurança rodoviária. Muito mais que estes tipos, que alguém ainda tem que me explicar para que servem. E agora algo completamente diverso: a pedido de várias famílias, podem encontrar digitalizações da reportagem da revista do DN de sábado aqui.
Bessa, agradeço a divulgação da reportagem.
ResponderEliminarDevo acrescentar que sou a favor dos habitantes de Nova Iorque a que a reportagem alude: não às ciclovias na cidade. Passeios para os peões, estrada para os outros. Partilha total da estrada por todos os veículos, sem prejuízo de dedicar uma ou mais vias a um tipo determinado, como BUS ou... bicicletas. Ciclovias, sim, se seguirem a mesma linha das auto-estradas: "via pública destinada a bicicletas, com separação física de faixas de rodagem, sem cruzamentos de nível nem acesso a propriedades marginais, com acessos condicionados e sinalizada como tal."
Abraço.
Tenho ideia que as ciclovias de Nova Iorque são na estrada, não no passeio. Não conheço pessoalmente. Sem dúvida que os americanos ainda tem muito a aprender sobre infraestruturas cicláveis. Tal como nós.
ResponderEliminarAbraço
Não reclamem, vocês nunca pedalaramk em São Paulo
ResponderEliminarNa verdade, não. Mas conheço quem o tenha feito. E percebo o que queres dizer: há sempre pior. Talvez um ciclista de São Paulo possa encontrar conforto na noção de que na Índia e no Nepal ainda é pior...
ResponderEliminar