quinta-feira, 6 de maio de 2021

Projecto Bacalhau: Dia 14 - Chaves!

Chaves! Rejubilai!

O tempo continua farrusco quando regresso à N103 pela manhã, mas não chove e depois do dia de ontem, isso agradece-se. A nacional tem vindo a revelar-se muito aprazível. Não tem a altimetria maluca das estradas secundárias dos montes e vales do Gerês, mas tem curvas e sobe e desce suficiente para não ser aborrecido. O trânsito é ligeiro e não provoca stress. Pelo meio da manhã tenho que concluir que, se não chover, vai ser um dia divertido. 


Estas nuvens ladram mas não mordem


Por vezes custa a acreditar que já levo oitocentos quilómetros nas pernas, sozinho, sem treino e sem apoios, mas sempre a carregar oito quilos de carga. Estou a atravessar o país ao meu ritmo, sem complicações, sem restrições, sem regras que não sejam as minhas. A ideia de chegar a Chaves e começar a Nacional 2 é motivação mais que suficiente para o dia, mas se isso não chegasse, há sempre a paisagem do Norte, que não desilude.  


Quase

Tenho que parar algumas vezes para afinar o desviador, o trabalho feito no parque de campismo não ficou perfeito. Mas é só questão de usar o afinador do cabo, não é preciso ferramentas. De resto o dia vai correndo, entre visitas às barragens e paragens para as fotografias do costume. O tempo vai-se aguentando e embora esteja frio, não chove.

A nacional 103 tornou-se tão agradável que fico mesmo com pena quando percebo que me estou a aproximar dos arredores de Chaves e vou ter de parar em breve. Que estrada fixe para rolar! Tudo indica que a N2 será ainda melhor, por isso a expectativa vai aumentando e as boas energias também, enquanto as minhas rodas deslizam pela zona antiga da cidade de Chaves e as suas muitas e bonitas pontes. Nunca aqui tinha estado, e isso acrescenta à sensação de realização e aventura. 


Pontes


E mais pontes


E pontes...


Fui almoçar a uma conhecida casa de hamburgers do outro lado do rio, e aproveito o WiFi para fazer uso do telemóvel e tratar da reserva num hotel muito modesto, perto do estádio municipal. Depois vou passear pela cidade, magnífica e muito acessível a pé. Tenho também compras para fazer, sinto que estou a começar uma viagem dentro da viagem, e quero estar preparado.

Mais tarde estou a tirar fotos a mais uma belíssima ponte, a da primeira imagem desta página, quando reconheço o que é. Quase sem dar conta, fico mais sério de repente. Sinto um ligeiro formigueiro no estomago. Baixo o telemóvel. Trata-se da ponte romana de Chaves! Além de ser uma obra famosa da antiguidade, aquilo é practicamente terreno sagrado. Sim meus amigos, do outro lado daquela ponte está o início da mítica Nacional 2. O lendário quilómetro zero fica logo do outro lado do rio Tâmega, para lá daquelas pedras milenárias. E está agora ao meu alcance.



Bicicleta no quarto! Win!


Dia 14. Venda Nova-Chaves. 72Km (Estrada).

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