segunda-feira, 27 de junho de 2011

Um comentário aos comentários

Imagem: Mário Cruz/Lusa

Se as mais de 7000 pessoas que atravessaram a ponte Vasco da Gama a pedalar pareceram não incomodar muita gente, os escassos 200 que também ontem pedalaram em trajes menores pelo centro de Lisboa estão a levantar muita polémica. A blogosfera e os jornais online estão inundados de artigos e comentários sobre o evento, sobre a problemática da nudez e até, imagine-se, sobre a questão do ciclismo utilitário em si.

Como sempre, o portuga farta-se de reclamar, mesmo quando nada sabe do assunto sobre o qual decide pronunciar-se. Em geral, as críticas podem agrupar-se em grandes grupos:

  • Os Pseudo-Pudicos. Ficaram ofendidos pela nudez e a grande ameaça para a sociedade que ela representa. Não perceberam a mensagem, mas acham que isto é pessoal esquisito que quer só chamar a atenção. Como se essa definição diferenciasse os 200 de uma qualquer equipa de futebol ou um comício político do PS.
  • Os Activistas dos Direitos do Volante.  Alguns membros da máfia com mais capangas do mundo até perceberam a mensagem e lá vieram com os argumentos do costume: as bicicletas nem deviam andar na estrada, bla, bla, bla, os ciclistas não pagam impostos, bla, bla, bla (inserir diarreia mental aqui).
  • Os Donos da Deontologia Jornalística. Há sempre mais papistas que o papa, e há quem diga que os jornais e as televisões deviam ter mais que fazer que ocupar espaço e tempo com noticias deste tipo. Que são coisas que não interessam a ninguém e que excêntricos a fazer excentricidades não deveriam ser noticia em meios sérios.
  • Os Modernos. Acham que é prova da nosso atraso crónico e provicianismo militante que se tenha proibido a nudez aos manifestantes. Dizem que essas coisas só acontecem em Portugal e que o mediatismo que o evento alcançou reflecte esse também o nosso puritanismo arcaico.
  • Os Anti-Ecologia. Não falta por aí malta que acha que não há problema nenhum com o nosso ar, nem com o mar e os rios, nem com as florestas nem com os animaizinhos e que o petróleo dura para sempre. Toda afirmação em contrario é coisa de ambiento-fascistas/comunistas na sua tentativa de dominar o mundo. Estes senhores condenaram o evento aparentemente por ele ser percursor de um escravizar das pessoas, forçando-as a andar de bicicleta.

    Pois eu não participei mais por esquecimento que outra coisa. Não acho que seja uma ideia radical e os organizadores de este e outras iniciativas similares só não têm todo o meu apoio porque eu tenho noção do país em que vivo. Mesmo assim estou surpreendido com as reacções.

    Por um lado a publicidade é excelente e sempre boa: parabéns a quem arriscou um escaldão para estar presente.

    Por outro, fui forçado a relembrar como muitos portugueses só recentemente saíram das cavernas. E alguns aparentemente têm saudades.

    1 comentário:

    1. Nem dei conta que foi no domingo... Já nem me lembrava...
      Deve ter havido muito escaldão com o calor que estava...
      Rita

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