É melhor trazer a BTT... |
Após a primeira inspecção, a pé e sem pressas, faltava sentir na pratica como é circular de bicicleta por esta zona após as mediáticas alterações. Utilizei para me deslocar a minha importação Britânica, a Raleigh de estrada. Recordo que se trata de um modelo do Cretáceo Superior, concretamente do inicio dos anos oitenta, com quadro em aço e que monta pneus largos 700x28.
Este set-up provou ser robusto e confortável nas ruas de Londres, mas em Lisboa esperava-me uma grande surpresa. Primeiro os pneus 28 revelam-se insuficientes para abordar os carris de eléctrico com segurança. Há vários relatos de quedas na rua da Prata por culpa dos carris, e eu passo lá com frequência, mas também não estou à espera que um país e uma câmara municipal praticamente na falência se preocupem com estas questões. Pior é constatar que os arranjos na Av. da Liberdade tenham na prática prejudicado os ciclistas.
Quanto custaria asfaltar a berma e pintar de uma cor diferente? |
A berma: é verdade que a faixa BUS onde agora podemos legalmente circular é larga e garante alguma segurança ao ciclista. Acontece que uma das razões porque os taxistas e motoristas da carris respeitam o meu espaço é simplesmente porque não querem pôr lá as rodas! A berma está em péssimo estado e circular por ali em qualquer bicicleta sem suspensão é um convite a partir alguma coisa. No sentido Norte-Sul então é quase suicídio. Vibrações capazes fazer largar o guiador são uma constante. Não volto lá de bicicleta de estrada.
As laterais: por causa da alteração de sentidos nas laterais, na prática o ciclista não pode usa-las como alternativa. Tem mesmo que se sujeitar à berma manhosa e ao trânsito da Avenida, que continua, apesar de tudo, demasiado rápido e agressivo.
A lei é para os outros: na faixa BUS não só somos obrigados a conviver com taxistas (Fogareirus Raivosum) e motoristas da Carris, que curiosamente parecem muito mais agressivos agora que podemos legalmente partilhar o espaço com eles, como temos que levar com um número inacreditável de ligeiros de passageiros, cujos condutores também usam o BUS, porque lhes apetece. (Ou se calhar porque o ReichFürer Barbosa lhes disse). Metem o pisca nos Restauradores e vão pela faixa da direita (a BUS!) até ao Marquês, a fingir que vão virar. Como sabem que o que estão a fazer é ilegal, são ainda mais violentos que o resto dos enlatados enlouquecidos.
Sinalização: Não há marcas na estrada, a sinalizar que as bicicletas lá podem circular, não há caixas para bicicletas na frente dos semáforos, e quando a faixa BUS/Bici acaba, e acaba sem sinalização, estamos de novo a cometer uma ilegalidade se prosseguimos pelo BUS "normal" e arriscamos o pelo se tendo uma faixa à direita (BUS ou não), circulamos numa mais à esquerda.
As coisas melhoram sim na Rotunda, onde o trânsito flui agora com mais moderação nas velocidades e onde é sempre possível dar a volta por fora, mais devagar e com menos risco.
Em suma, sendo que um dos principais objectivos destas alterações é baixar a poluição na Avenida da Liberdade, não percebo porquê eu, no meu veículo não poluidor, não me sinto bem vindo àquele espaço (para usar um eufemismo). Fica mais uma vez a ideia de quem planeia estas coisas vive fechado num bunker da CML e nunca andou de bicicleta na vida, muito menos na Avenida da Liberdade e no Marquês de Pombal. Esta é afinal a Câmara Municipal que inventou a ciclovia em empedrado esburacado com carris de eléctrico incorporados, por isso se calhar não deveria estar surpreendido:
Única no Mundo: ciclovia partilhada Eléctrico/cavalo/Bici! |
Mais opiniões sobre toda esta problemática podem ser lidas em muitos sítios, eu destacaria este.
No outro dia também passei por lá para experimentar e recusei-me a andar na berma porque aquilo está realmente num estado péssimo.
ResponderEliminarE penso que já devia ser permitido utilizarmos a faixa BUS como em Londres, por exemplo.
Já agora, falaste nos carris do eléctrico e há uns dias caí a descer a Rua do Alecrim porque tive de me desviar de repente de um carro mal estacionado. Também tenho pneus 700x28 e encaixam que nem uma luva nestas armadilhas!
a confirmação da desgraça no marquês:
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é surreal...
Obrigado pelas fotos, António!
ResponderEliminarBom, isto quer dizer que a CML ainda está a fazer alterações. Mas um novo tapete de asfalto deve ser pedir de mais...