terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sonhos dobráveis

Há quem ache que felicidade é uma Brompton verde

No actual estado da carro-dependência Lisboeta, não é muitas vezes seguro, ou de todo possível, atravessar algumas zonas da cidade de bicicleta. Somos ocasionalmente obrigados a recorrer aos transportes públicos. Não há nada de errado com isso, mas se do outro lado quisermos prosseguir a viagem de bicicleta, muitas vezes a única alternativa é recorrer a uma dobrável. É que nem todos os transportes públicos são compatíveis com a bicicleta convencional. O fossilizado blogue Bicicleta Na Cidade ainda contêm o melhor apanhado sobre as condições de acesso aos transportes públicos, de 2009 para cá pouco mudou.

As bicicletas dobráveis não são nenhuma novidade, mas continuam a ter uma reputação de bicho raro. Raro e caro, pois são normalmente mais dispendiosas que uma bicicleta utilitária normal, com a mesma gama de componentes. No entanto elas existem, e andam por aí. Eu próprio já tive uma, mas na altura outros interesses se sobrepuseram e acabei por a vender. Agora estou bem arrependido.

As dobráveis têm algumas especificidades de que foi dando conta aos poucos, e que as distinguem das suas congéneres de perna longa. É claro que há também dobráveis de rodas grandes (24, 26 e 700), mas nestes casos o resultado final é um volume considerável. As bicicletas de roda 16 e 20 são as mais aptas a serem transportadas nos transportes públicos sem problemas e normalmente as mais fáceis e rápidas de dobrar e desdobrar.

Uma questão a ter em conta nas dobráveis é o recurso dos fabricantes a muitas peças exclusivas da marca e/ou modelo. A começar pelo quadro! No caso de alguma coisa se estragar, boa sorte a conseguir a peça necessária para uma bicicleta comprada na net, de uma marca desconhecida ou não representada por cá. Aliás, só uma marca de dobráveis é representada por estas paragens de forma sustentada, a Dahon. É possível encontrar muitas outras dobráveis em lojas, mas normalmente são modelos "ocasionais", de exposição, de marcas como a BH e Coluer, em lojas com a politica do hoje temos, amanhã não sei.

Não digo que não seja possível um pessoa usar sem problemas uma destas dobráveis de marcas generalistas ou até origem mais desconhecida, mas em caso de azar o potencial para a desgraça está lá, a bicicleta pode acabar num canto à espera de melhores dias. E acreditem que as chatices acontecem, mesmo com os fabricantes reputados. A minha Mu P8 levou um espigão do guiador novo ao abrigo da garantia, com poucas semanas de vida. E apesar do ar XPTO das lojas Without Stress, o atendimento pedante (tão habitual nalgumas lojas de bicicletas da nossa praça) e o facto de nunca me terem entregue o manual e outros "brindes" que costumam vir com as bicicletas Dahon, mais a pequena questão do íman que une as rodas ter caído nos primeiros metros de pedalanço e a loja nunca me ter entregue o substituto solicitado, deixam-me de pé atrás mesmo com as marcas de "renome".

Quais são as alternativas? Talvez as Hoptown da Decathlon, se bem que se os tipos da Dahon andam à décadas nisto e ainda não têm a formula mágica, custa a acreditar que na Decathlon tenham acertado à primeira, num modelo de gama baixa. A verdade é que são leves e bem atraentes, já as andei a namorar. Quem estiver a safar-se bem à crise pode sempre encomendar uma Brompton de sites como o Cenas a Pedal, talvez configurando primeiro a escolha, e as hipóteses são muitas, no conhecido site da loja nova iorquina NYCeWheels. Os mais aventureiros podem fazer como um amigo meu, que acaba de encomendar uma dobrável barata do ebay. Não deixarei de aqui fazer, em breve, um ensaio dessa surpresa oriental.

5 comentários:

  1. Boas,
    Estou a pensar comprar um bicicleta dobrável, e todos os comentários na net estão em linha com o vosso, a dahon e a melhor marca, o preço e que e pouco "motivante". Vi no site da orbita que eles tem articuladas... O conceito e o mesmo? Tem alguma experiência com estes modelos?
    Obrigado,afonso

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  2. Boas!

    Não sei o suficiente sobre as dobráveis da Orbita para dar conselhos. Sei que os fechos são muito mais simples e que há um modelo com suspensão à frente, coisa rara por esse preço, mas mais que isso... Uma dobrável que posso recomendar são as do Decathlon: a ergonomia é um pouco estranha, mas para quem se adaptar, a relação preço/qualidade é imbatível. E tem garantia que realmente funciona. Mas ainda são quase 300 EUR...

    Boas compras!
    Bessa

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  3. Bem, dizer que "só uma marca de dobráveis é representada por estas paragens de forma sustentada" poderia estar correcto não fosse a Dahon a marca focada: a verdade é que vejo muito mais BTwins, Bromptons e Bergs por aí, ao vivo ou em revistas, que Dahon cujo fabrico deixou a fábrica da China por desentendimentos familiares e agora vá-se lá saber o que lhes vai acontecer.

    E também questiono a "exclusividade" das peças. Tenho um amigo com uma dobrável com meia dúzia de anos que já não consegue comprar um fecho que se partiu, e lá vai a bicicleta para o lixo porque a marca não continuou a fabricar peças...

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  4. O aumento extraordinário do número de lojas que vendem Bromptons na zona de Lisboa e o sucesso das B'twin Hoptown é coisa dos últimos meses, esta posta é do ano passado. Tenho ensaios de Broptons e outras dobráveis em textos mais recentes:

    http://lisboabike.blogspot.com/search/label/dobr%C3%A1veis

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  5. Boas a todos, eu sou um doido por bicicletas, e louvo o aumento exponecial deste business, segundo alguns dados por aí badalados 32%...
    Tenho uma Dahon speed D7, comprada usada, já mudei algumas coisas, especialmente a roda traseira pois no Troia/Sagres o cubo traseiro começou a entregar a alma ao criador, para comprar um novo foi um filme, melhor opção comprar na Alemanha, ou UK, net, o trabalho do representante é mau e o da Alfândega ainda pior pois destroi o negócio do representante, conselho para estas exclusividades ir comprando peças que vão aparecendo em conta na net.
    Todas as bicicletas mais ou bem construidas são boas, na hora da compra ponderar bem o esforço finançeiro a fazer em função dos kms a fazer ou pensar fazer, posso dar um exemplo de um amigo que artilhou uma dobravel da sportzone com cubos de btt, aros de bmx altamente resistentes, centro pedaleiro LX Shimano com desviador igual directmount, travões de disco e 7 velocidades vezes 3 sem gastar a fortuna que se gasta em Dahons, Bromptons, e por ai, e este ano fizemos Aveiro/Nazaré em dias de grande chuvada e portou-se lindamente. De facto é de lamentar a postura das lojas, dos vendedores, imaginam bem o que é querer comprar uma bicicleta para uma pessoa de 1,87mts, pois é aqui que falha o aconselhamento nas lojas, não existem bicicletas grandes em exposição, não há acessórios sem ser extremamente leves ou topo de gama, existe o podemos mandar vir. Depois quando se compra uma bicicleta cara o risco de sairmos e ela ser roubada é muito maior, estamos sempre com o coração nas mãos.

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