terça-feira, 4 de setembro de 2012

A Raposa e a Raleigh


Ela vive num barracão suburbano, onde passa as noites do curto verão londrino, umas vezes sozinha, outras acompanhada. Já viu dias melhores, e as suas linhas elegantes não atraem tanto olhares como noutros tempos. Para os menos atentos, ela está velha e gasta, acabada. É um produto de um outro tempo, de uma outra era. No entanto, as suas origens são nobres, senão mesmo aristocráticas.

Uma Raleigh no shed

Muita coisa mudou desde o início dos anos 80. A maioria dos quadros da Raleigh já não são em aço, nem são feitos em Inglaterra, como o meu. A minha Raleigh pode ter ferrugem no quadro, apenas 12 mudanças e dormir com as raposas, mas é um velocípede de uma marca com 125 anos de existência e que foi em tempos o maior fabricante mundial de bicicletas. E isso é dizer alguma coisa. Mas ter história não é tudo, e esta racer tem outras qualidades.

"I feel the need, the need for speed!"

Já devem estar fartos de me ouvir falar sobre o conforto dos quadros em aço, e deste em particular. Mas é verdade. Nos tempos em que não havia suspensões nem quadros em carbono, já se sabia como lidar com as vibrações e com as irregularidades da estrada. Afinal, o asfalto dos anos oitenta não era melhor que o actual. E Não se trata só do material, neste caso um relativamente humilde aço Reynolds 501. A geometria do quadro também contribui para o efeito "tapete voador", sendo agressivo quanto baste, garantindo boas acelerações, mas permitindo algum conforto e boa estabilidade. 


Not "crabon" baby!

Fiz algumas alterações a esta máquina. Antes estava assim. Tirei os autocolantes, o que acho que melhorou bastante o aspecto da bicla. O aspecto não é tudo e a travagem era um autentico perigo. Por isso coloquei manetes e travões novos, da Tekro. Não foi uma modificação muito dispendiosa, mas foi essencial. Agora o poder de travagem está finalmente à altura das velocidades que a Raleigh permite. 


Old 12 speed, travões modernos
As manetes e a fita trouxeram mais conforto ao guiador
A única outra peça moderna é um selim baratongo. Ok, e a fita do guiador. E os pneus. E as câmaras de ar. E os cabos dos travões. Mas tudo somado, ainda não cheguei ao valor de uma bicicleta de estrada nova, das mais baratas, em alumínio, do género que nunca seria tão versátil ou rápida como esta.

Não é tão mau como parece...

A vista do cockpit

Tal como a raposa que gosta de a visitar no Shed que lhe serve de guarida, a minha Raleigh é rápida e ágil. Adapta-se bem ao seu meio ambiente, que mudou muito em três décadas. Ela é uma sobrevivente de uma outra era, com vantagens que a tornam muito interessante para o uso utilitário, e ainda tem muito para dar. Por isso decidi leva-la de volta para Portugal.

Size matters!

3 comentários:

  1. GRANDE máquina!
    Está muito fixe. Gosto do look e imagino que seja tb agradável de conduzir.
    As alterações ficaram muito bem em termos estéticos e são também muito lógicas. E esses pedais? Estão ao nível do resto?
    Gosto muito da combinação clássico/Novo numa máquina simples e eficaz. Já perdi algumas horas em busca de um quadro identico mas por cá é muito dificl encontrar esses tamanhos... Como fazes para a trazer? Quanto custa esse transporte?
    Abraço
    Júlio

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  2. Olá Grande Júlio!

    Os pedais são do mais simples que se possa imaginar, e um bocado feiosos. Mas os rolamentos estão muito bons e aderem bem aos sapatos, por isso não troquei. Em Lx logo vejo.

    Em Portugal deve ser quase impossível arranjar uma bicla destas em tamanhos grandes. Aqui em Londres é fácil. Tens muita escolha.

    Para viajar de avião com a bicicleta vou ter que pagar 35 EUR à TAP. As condições estão no site, em breve faço uma posta sobre isso!

    Grande Abraço,
    Bessa

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  3. Grande canhão! Realmente impressiona o tamanho do quadro. E está com a patine certa. :-)

    Abraço,
    Vasco

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