domingo, 25 de setembro de 2011

Teste: Giant Conway 2.0

Este caixote já deu a volta ao mundo
 
Como prometido, aqui vai uma pequena review de uma dobrável que não custa os olhos da cara. Antes de mais, convém responder à questão que quase toda a gente colocará ao ler o título desta posta: o que diabos vem a ser uma Giant Conway?

Pois. As origens deste modelo perdem-se nas brumas não do tempo mas da sociedade globalizada. Uma investigação por parte do proprietário permitiu descortinar que se trata de um modelo da Giant, de 2008, destinado ao mercado Chinês. E graças aos imponderáveis da globalização, um punhado destas bicicletas, novas, foram importadas para a terra dos apreciadores de fish and chips e spotted dick pudding. E em terras de sua majestade foram colocadas à venda no eBay.

Chan-chan!

Não sei se alguma vez receberam uma bicicleta pelo correio, garanto-vos que é um volume considerável, o que torna tudo muito, hum.... divertido! Neste caso não tanto, porque a caixa tem umas dimensões mais comedidas, já que a bicicleta vem, naturalmente, dobrada. E a dobra é do tipo Dahon, o quadro quebra a meio e o espigão do guiador dobra à altura da caixa de direcção. Mais coisa menos coisa, é tudo muito semelhante.

Outra possível interrogação que possam ter nesta altura é qualquer coisa do género:"e funciona!!?"

Chinesa à solta na capital
 
É uma questão muito razoável, sabendo nós que as bicicletas dobráveis têm uma engenharia a tirar para o complexo e que esta menina veio da China, terra onde muitas vezes a qualidade não mora. Pois sim, tudo o que é para funcionar funciona, sem problemas ou manhas. Obviamente, este é um produto de gama baixa, e como tal deve ser avaliado, mas não fica atrás de modelos vendidos por cá a preços semelhantes (leia-se superiores), de marcas menos conhecidas e muitas vezes fabricados nas mesmas paragens.

Uma bicicleta de marca!

E então o que temos no menu? Temos um quadro em aço, temos seis velocidades obtidas por meio de uma transmissão Shimano, com um desviador Tourney, gripshift, e uma cassete convencional. Os travões são v-brake da ProMax, a caixa de direcção é de rosca, de uma polegada. As rodas de alumínio, cubos e a maioria das restantes peças são fornecidas pela própria Giant. A bicicleta vem pronta para uso utilitário, com pormenores interessantes como:

  • Reflectores à frente e atrás, e nas rodas
  • Guarda lamas 
  • Grelha porta-bagagens
  • Protector do prato dianteiro
  • Descanso

Todos estes gadgets pagam uma factura na balança e é impossível que esta Giant atinja os 12 kg anunciados. Boa parte da culpa será dos guarda-lamas, que são em aço sólido! De resto, como em qualquer roda 20, o peso está todo muito lá em baixo e só se nota quando temos que pegar na bicicleta. O quadro em aço ajuda a tornar a viagem confortável, e existindo algumas flexões no conjunto, nomeadamente nos pedais e no espigão da direcção (algo comum a muitos outros modelos), não é nada de preocupante. O que salta logo à vista quando assumimos os comandos são duas coisas: primeiro apercebemo-nos de que a bicicleta é realmente pequena e depois somos surpreendidos pela estabilidade e conforto que mesmo assim ela apresenta.

Elegante e confortável


As bielas (cranks) são apropriados para pessoas de baixa estatura

 
Pormenor do fecho central


Cubo da frente também da marca

Esta Giant não é uma marota irrequieta, como as rodas de 20 polegadas poderiam fazer pensar. Isto é ainda mais inesperado porque a bicicleta mede menos de 1 metro entre eixos e eu ultrapasso em comprimento os limites propostos pelo fabricante (altura máxima de 185cm). Esta bicla terá sido feita a pensar mais no utilizador asiático, os cranks, exemplo, medem 165mm, um tamanho adequado a pernas pequenas. Já o limite de peso é de 105 kg, exactamente o mesmo das Dahon de gama alta.

Rodas e pneus da própria Giant

Uma limitação da bicicleta tem a ver com a transmissão. Não falo do número de velocidades, mas do escalonamento destas. Foi usado na frente um prato de 48 dentes (atrás é 14-28), o que não chega para dar grande embalagem. Se a velocidade máxima falha, as subidas por seu lado não serão problema. De resto, as sensações que esta Giant transmite estão bem acima dos Euros que custou (cerca de 200 já com portes). O proprietário está satisfeito e há mais uma bicicleta utilitária a rolar pela capital.

Resumindo e baralhando:

A favor:

  • Preço
  • Quadro em Aço
  • Dobra e componentes específicos aparentemente fiáveis 

Contra:

  • Velocidade Máxima
  • Questões de garantia e peças
  • Bielas de 165mm, para quem tenha a perna grande 

Charme Oriental




Mais uma vez, este trabalho só foi possível porque pude contar com a preciosa colaboração de:

Ciclista e feliz proprietário da Giant: João Serôdio
Fotografia: João Serôdio

8 comentários:

  1. Interessante! ;)
    Parece-me que o desenho do quadro e dobragens é igualzinho ao da minha "Hoptown"!! Plágio ou acordo entre as marcas??
    A hoptown no entanto é em alumínio e talvez eu preferisse o aço pelo conforto adicional.
    Fico à espera de mais detalhes quando a bicicleta tiver alguns kms...
    Nessas pesquisas pela net chegaste a encontrar outras dobráveis dignas de registo?
    Abraço
    Júlio

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  2. O João proprietário será o irmão da Magui e o mundo é mesmo pequeno?

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  3. Júlio, as Hoptown parecem-se com modelos relativamente recentes da Dahon, que é aliás a marca que todos gostam de copiar, por isso não é difícil encontrar semelhanças. Já agora, que tal te das com essa bicicleta, tendo em conta o teu tamanho? Já estive para comprar uma.

    Não tenho visto nada de muito interessante, por isso estava com curiosidade sobre esta chinesa.

    Um abraço!

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  4. Humberto:

    - Sem dúvida o mundo é mesmo pequeno.
    - E este João tem uma irmâ
    - Mas não a conheço por Magui...

    Abraço!

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  5. Bessa,
    Já tinha reparado nas semelhanças da hoptown com as dahon mas no caso dessa giant não parece ser só semelhança. O quadro é mesmo igual!
    De facto a minha altura (1,88) não combina muito com a Hoptown. Uso o tubo do selim 2 ou 3 cm acima do limite de segurança indicado pois caso contrário fico com a perna demasiado dobrada. em compensação sou extremamente cauteloso para não andar em terrenos acidentados que forcem a flexão do espigão do selim...
    Não medi ainda os cranks mas certamente não terão também a medida mais ergonómica...
    As mudanças são de gama baixa e por vezes requerem uma pequena afinação. Nada de problemático.
    Já usei também uma dahon e há diferenças... Sobretudo nos ruídos das dobragens e na sensação geral de solidez. Mas a hoptown é muito mais barata! E para o pouco uso que lhe pretendo dar parece ser uma bicicleta "honesta". Cumpre o que aparenta ser. Aos poucos, vou com esta bicicleta tentando perceber o uso que posso de facto dar a uma dobrável Se vir que vale a pena o investimento ainda compro uma dahon ou uma brompton. É que "oficialmente" esta comprei-a para a minha namorada... apesar de ser eu quem lhe faz mais km´s :)
    Abraço,
    Júlio

    P.S. Se a quiseres experimentar é só dizeres e combinamos!

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  6. Pesado hoje:

    Grelha porta bagagens=1 kg.

    : )

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  7. Humberto: Negativo. Talvez o mundo não seja tão pequeno afinal...

    : )

    Júlio: Obrigado pela oferta! Eu já "testei" as hoptown na loja. Fiquei impressionado com a leveza deste último modelo (sem a grade porta-bagagens), e não tenho problemas com a altura do espigão, fica dentro das regulações permitidas, devo ter a perna mais curta. Há é ali qualquer coisa na geometria que me deixa desconfortável. Talvez o guiador esteja demasido para trás, nas Dahon o espigão do guiador não faz aquele ángulo. De resto, só não gostei muito do comando das mudanças e do pneus. Pelo preço parece um modelo muito interessante.

    Um abraço!

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